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Governo de São Tomé e Príncipe continua sem reagir ao escândalo envolvendo a nova Procuradora-geral da República


Edifício dos Tribunais na cidade de São Tomé, na Ilha de São Tomé (Arquivo)
Edifício dos Tribunais na cidade de São Tomé, na Ilha de São Tomé (Arquivo)

Elsa Pinto protelou a entrevista com a Voz da América e há informações de pressões políticas para que a mesma se demita do cargo para o qual foi empossada na Terça-feira

Em São Tomé o governo está a ser alvo de críticas depois da eclosão de um escândalo envolvendo a recém-empossada procuradora-geral da república.

Elsa Pinto é acusada de ter passado cheque sem cobertura e o governo que terá tido o conhecimento do caso antes de sua entrada em funções procura agora remediar a situação negociando com o autor da queixa.

Pelo menos até ontem de manhã, o autor da queixa contra Elsa Pinto no ministério público tinha estado em contacto com a Voz da América e garantiu que tinha recebido um telefonema de sua advogada que lhe transmitiu que o governo estava pronto a pagar a dívida do valor de 270 milhões de dobras – o equivalente a cerca de 15 mil dólares.

Essa dívida foi contraída pela procuradora-geral Elsa Pinto, em 2011 quando era candidata as eleições presidenciais e consistiu no aluguer de mais de uma dezena de viaturas. Segundo o proprietário da empresa Prestígio, Elsa Pinto terá usado as viaturas para a sua campanha política e o entregou em Junho daquele ano um cheque no valor atrás referido, para serem cobrados só a partir de Novembro.

A Voz da América que conseguiu obter cópias do referido cheque assim como da queixa, apresentados ao ministério público pelo proprietário e gerente da empresa em questão, pode confirmar que efectivamente o cheque foi devolvido pelo Banco Internacional de São Tomé e Príncipe por falta de provisão e contém uma anotação do mesmo banco datada de 09 de Novembro de 2011.

Quanto a queixa, ela foi apresentada no dia 10 de Novembro, ou seja no dia seguinte a falhada transação bancária, e vem assinada por Herlander de Sousa Pinto Leal. O mesmo senhor com quem a reportagem da Voz da América esteve em contactos nos últimos dois dias, e que inicialmente se tinha disponibilizado a dar uma entrevista para confirmar o sucedido, desde que tivesse o aval de sua advogada.

Ainda ontem de manhã o Sr. Herlander Leal confidenciou-nos de que recebeu na véspera a garantia de sua advogada de que o governo estava a ultimar os expedientes para saldar a dívida e por isso já não estava interessado em dar a entrevista. No entanto, prometeu que iria o mais tardar, até o início da noite em São Tomé confirmar se houve ou não a transferência do dinheiro em causa e da sua proveniência. Infelizmente e desde então o Herlander Leal deixou de responder aos nossos telefonemas, que sejam para o telemóvel como para o telefone fixo da empresa.

Uma fonte no governo disse, entretanto, a Voz da América que o proprietário da firma Prestígio foi coagido a não falar e o seu silêncio é vital para o executivo poder gerir a situação, pelo menos até que encontre uma via de saída deste imbróglio.

Importa referir que a nossa reportagem teve também a oportunidade de falar pessoalmente na Quarta-feira a noite com a Procuradora-geral da República, Elsa Pinto, que além de desmentir a história do cheque sem cobertura, alegando tratar-se de uma difamação orquestrada pelo seu antecessor Roberto Raposo, se disponibilizou para ser entrevistada hoje Sexta-feira.
Lembramos que ao longo dessa conversa, Elsa Pinto reconheceu que ainda tinha dívidas de campanha a saldar e justificou-se alegando que à semelhança de muitos outros candidatos que tinham dívidas por pagar e que foram forçados a faze-lo através de cartas abertas, ela também se encontrava na mesma situação.

Hoje e a hora combinada fomos atendidos pela sua secretária que se desculpou tendo remetido para mais tarde o tete-a-tete, que só poderia ter lugar as 4:30 da tarde de São Tomé. Chegada a hora, fomos novamente informados pela secretária da impossibilidade da sua chefe em responder as nossas questões por falta de tempo.

No governo, conseguimos falar hoje com a ministra da justiça, Edite Ten Jua, que também escusou-se em comentar o caso com a alegação de que não tinha tempo. Ao nível da presidência da república os números para os quais chamamos, alguns estavam impedidos e outros fora de serviço.
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