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"Redes Sociais" aumentam participação política em África


Quase metade dos adultos em África têm actualmente acesso a um telemóvel

Com mais pessoas a utilizarem as redes sociais em África, aumenta também a participação política A primavera árabe espalhou-se para sul. Em 2011, manifestantes no Burkina Faso, no Uganda, ou, por exemplo, em Angola foram para as ruas pedir melhores condições de vida, preços mais baixos ou melhores instituições democráticas.
Mas ainda está por vir uma “primavera subsaariana” e os analistas dizem que tal não deverá chegar. No entanto, os mesmos analistas parecem não ter dúvidas: a cada vez maior popularidade dos telemóveis e das redes sociais na África subsaariana poderá conduzir a mais protestos ou, pelo menos, pressionar cada vez mais os líderes africanos a prestar contas às suas populações.
Goodluck Jonathan não é só o presidente da Nigéria. Jonathan já foi considerado pela televisão americana CNN como o “presidente do Facebook”. Na altura, há um ano e meio atrás, ele já tinha mais de 246 mil fãs no seu perfil online. Hoje em dia tem mais de 700 mil.
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Foi no Facebook que Jonathan anunciou a sua candidatura às eleições presidenciais de 2011. Foi também através desta rede social que o candidato foi mantendo contacto com os eleitores nigerianos.
Na altura das eleições na Nigéria, a Comissão Eleitoral terá postado na rede de mensagens Twitter quase 4000 mensagens, muitas delas em resposta a perguntas de eleitores. Mas a troca de informações não ficou por aqui:
“Hoje, quase metade dos adultos em África tem acesso a um telemóvel. Há uma década atrás eram 2 por cento. As pessoas têm um maior acesso a informação. A maioria dos telemóveis tem câmaras e aumentou significativamente a vigilância face a comportamentos corruptos ou abusivos. Alguns observadores nigerianos justificam com isso o nível de transparência que houve nas eleições de Abril passado”.
Palavras de Joseph Siegle, um dos autores do relatório “África e a Primavera Árabe”, do Centro de Estudos Africanos e Estratégicos (Africa Center for Strategic Studies – ACSS), com sede em Washington, nos Estados Unidos.
É certo que a sul do Saara nem todos conseguem aceder à internet no computador ou nos telemóveis, longe disso. Mas, a verdade é que, regra geral, há cada vez mais pessoas em África a irem à internet e a utilizarem o Facebook ou o Twitter. Muitos deles são jovens. Segundo Milton Machel, jornalista e colaborador do Centro de Integridade Pública, em Moçambique, as redes sociais permitem que eles se expressem…
“… Com um pouco mais de liberdade. Com menos controle aparente. E o que acontece é que muitos desses jovens são também filhos de cidadãos que estão todos os dias a lutar pelo seu ganha-pão. Eles transferem um pouco para as redes sociais a indignação e a frustração dos seus pais, dos seus familiares, tal como a sua própria frustração”.
A internet serve como local de desabafo. E como alternativa aos protestos nas ruas, que com frequência acabam por ser reprimidos pela polícia. Nas manifestações contra o aumento do custo de vida em Moçambique, de Setembro de 2010, morreram treze pessoas. Dezenas ficaram feridas.
Mas utilizar cada vez mais as redes sociais para criticar o governo ou denunciar situações de injustiça não significa necessariamente que venha aí uma “primavera” de protestos, semelhante à “primavera árabe”, diz Milton Machel.
“Não creio que haja condições estabelecidas ao nível da África austral para uma primavera. Porque sinto que ao nível da África Austral ou da região subsaariana não há uma corrente de ligação entre os jovens ou indignados de cada um destes países.”
De acordo com o jornalista Oliver August, que escreve sobre temas africanos para a revista The Economist: “Não creio que vá haver algo chamado ‘primavera subsaariana’. Mas acho que vamos ver um maior ímpeto de mudança política. Muitos países na África Subsaariana olham para a Tunísia e para o Egipto como fonte de inspiração. Depois dos protestos de há um ano atrás surgiu uma onda de protestos. Muitos perderam o vigor, mas isso não significa que o impacto se tenha evaporado.”
August não está à espera de uma revolução mas sim de um aumento da pressão a partir das ruas e a partir dos computadores ou dos telemóveis. Até porque “… Se olhar para o tempo de mandato de alguns dos líderes africanos é muito semelhante ao de governantes como Mubarak, no Egipto”.
Hosni Mubarak liderou o país durante 30 anos. O presidente da Guiné-Equatorial, Teodoro Obiang, está no poder há mais de 32 anos, tal como o presidente de Angola, José Eduardo dos Santos.
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