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Servir melhor o povo seria a homenagem ideal a Samora Machel, diz o politólogo João Pereira


Presidente de Moçambique, Samora Machel, em 1984
Presidente de Moçambique, Samora Machel, em 1984

Passam hoje 30 anos após a morte do estadista criticado pela intolerância política.

“Acho que se ele (Samora Machel) estivesse vivo, estaria muito decepcionado pelo rumo que o seu partido seguiu”, diz o politólogo João Pereira.

A posição de Pereira é alinhada a críticas correntes de que o pensamento de Samora Machel foi traído pelo seu próprio partido no poder – Frelimo – cuja governação é classificada de corrupta.

Os trinta anos de morte de Samora Machel são assinalados numa fase crítica da economia moçambique, em larga medida influenciada pelo escândalo de dívidas escondidas levantado pelo Fundo Monetário Internacional.

Ainda sem um ponto consensual sobre as causas da sua morte, Moçambique realiza eventos para recordar o herói.

Pereira diz que o que acontece é folclórico.

“A maior celebração de Samora não é fazer festas ou apresentar imagens na televisão, mas o que ele sempre acreditou: combater a corrupção, servir melhor o povo através da transparência, integridade, moralidade e ética na função pública,” diz Pereira.

O jornalista Noé Nhantumbo fala de um “homem rigoroso”, com virtudes, mas que cometeu erros.

Nhantumbo recorda-se dos “planos estatais centrais, cujo cumprimento era religioso”, e que “tal como dizem na cidade da Beira, nos tempos de Samora não havia mbavas (ladrões) no governo.”

Mas, diz o jornalista, “um dos seus erros (Samora Machel) foi deixar-se rodear de uma corte útil, mas também perigosa”, da qual “recebeu tantos elogios que o terão ´embebedado´, apesar de ele mesmo ter dito várias vezes que o poder corrompe”.

Para Pereira, “a maior parte da crítica a Samora foi na ordem da liberdade política”, por ter tolerado os que pensavam diferente.

Acompanhe a entrevista:

Servir melhor o povo seria a homenagem ideal a Samora Machel, diz João Pereira - 12:00
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Samora Machel morreu num acidente de aviação, em 1986, nas montanhas sul-africanas de Mbuzini, cujas investigações, segundo a viúva Graça Machel "são inconclusivas".

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