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Renamo: Organizações cívicas moçambicanas questionam uso das forças armadas


"Não é função dos militares estar no terreno. Quem garante a ordem e tranquilidade é a polícia”, disse Alice Mabota.

Em Moçambique várias organizações cívicas acusaram o presidente, Armando Guebuza, de violar a Constituição, pelo ataque do exército a uma base da Renamo, sob pretexto de reposição da ordem pública, porque, dizem, constitucionalmente esta acção cabe à polícia.
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Na segunda-feira, as forças armadas moçambicanas e a Renamo anunciaram a ocupação da base do principal partido da oposição moçambicana, em Santunjira, na serra de Gorongosa, onde o líder daquela força política, Afonso Dhlakama, residia há um ano.

Em declarações aos jornalistas após visitar a base, ainda ocupada por membros das forças armadas moçambicanas, o ministro da defesa, Filipe Nyusi afirmou hoje que a incursão era necessária para desactivar um "núcleo do terrorismo" interno.
Adiantou ainda que a base poderá ser transformada num quartel do exército moçambicano, para impedir que seja reocupada por guerrilheiros do principal partido da oposição.

Comentando a actual situação, presidente da Liga dos Direitos Humanos de Moçambique, Alice Mabota, disse que para a sociedade civil moçambicana "não está claro" o que aconteceu na Gorongosa e por que o ataque foi perpetrado pelo exército.

Constitucionalmente, o Presidente moçambicano, Armando Guebuza, é o comandante em chefe das Forças Armadas de Defesa de Moçambique.

"Não é função dos militares estar no terreno. Quem garante a ordem e tranquilidade é a polícia”, disse Alice Mabota.

Por seu lado, a directora executiva do Fórum Mulher, Graça Sambo, apelou ao chefe de estado moçambicano para "usar os poderes que a Constituição lhe confere para assegurar a manutenção da paz, tranquilidade e ordem pública, usando todos os meios pacíficos e evitar eclosão de uma guerra no país”.

Também o Parlamento Juvenil, movimento de defesa dos direitos da juventude moçambicana, pediu um encontro urgente entre o presidente da República e o líder da Renamo.

Enquanto isso, os Estados Unidos manifestaram hoje preocupação pela tensão em Moçambique, apelando a todos os lados em conflito para resolverem os seus diferendos depois da Renamo ter denunciado o acordo de paz assinado em 1992 com a Frelimo.

"Essa declaração preocupa-nos muito", afirmou Linda Thomas-Greenfield, a secretária para os assuntos africanos dos Estados Unidos, sobre a posição da Renamo, acrescentando que "Moçambique é um país que tem avançado de forma muito positiva" e que o Governo americano espera que assim continue.
Linda Thomas-Greenfield afirmou acreditar que a declaração da Renamo é apenas "um contratempo temporário".

A paz em Moçambique beneficiou toda a gente, afirmou, e os Estados Unidos querem "encorajar a Renamo" a "trabalhar no sentido de alcançar soluções pacíficas para as suas preocupações" no âmbito do Governo moçambicano.
"Há uma maneira de fazer isso e estamos a encorajar o Governo a estar também preparado para trabalhar com a Renamo", indicou.
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