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Raparigas sul-africanas são as que mais sofrem de violação sexual


A Africa do Sul é tristemente conhecida como a capital do mundo em violação sexual. O mundo todo vai celebrar no dia 8 de Março o Dia Internacional da Mulher, e os sul-africanos já estão a se mobilizar para terminar com esta degradante marca.

Estima-se que 64 mil raparigas são violadas sexualmente todos os anos na Africa do Sul. A indignação diante desta situação aumentou nos últimos meses. Recentemente, manifestantes marcharam para protestar contra a morte brutal de uma das vítimas, a adolescente Anene Booysen.

O que ela passou é assustador. Ela foi violada sexualmente e torturada na sua cidade natal de Bredasdorp, no Cabo Ocidental. Os agressores literalmente despedaçaram o corpo dela. Anene morreu pouco tempo depois em um hospital local.

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Troy Martens, porta-voz da Liga das Mulheres do actual partido dirigente Congresso Nacional Africano, diz que a brutalidade do ataque galvanizou a nação. “Penso que neste momento estamos numa situação adiantada no que diz respeito ao apoio dado as vítimas de estupro e da violência sexual. Há enorme atenção pública para o assunto, e também um sentimento de que algo precisa ser feito. Temos com efeito de dar um basta nesta situação, e o tempo de agir é agora” disse a porta-voz.

O presidente Jacob Zuma condenou o ataque, e no seu Discurso sobre o Estado da Nação, em Fevereiro, convocou o povo para agir. No princípio deste mês, lançou uma campanha de âmbito nacional para levar os jovens nas escolas a assumirem diariamente o compromisso de não recorrerem nunca a violência sexual. Nas ruas de Joanesburgo, um número impressionante de pessoas afirmou ter visto em primeira mão os efeitos da violação.

“Conheço, na minha comunidade, numerosas pessoas que já pensaram em estuprar alguém” contou o estudante Mpho Elias. Esta jovem diz que foi abusada sexualmente – mas não estuprada por um amigo de sua família.

“Senti-me impura. E o pior é que ninguém parecia-me acreditar. Imagino que uma pessoa que venha a ser realmente estuprada deva se sentir mil vezes pior do que me senti. Sei do que estou a falar. É um sentimento que machuca, atormenta, castiga a todo o momento, a cada dia que passa” explicou a estudante Stembiso Hlungwani.

O Centro de Protecção Legal Tshwaranang dá apoio a mulheres que sofreram abuso sexual. A directora Vicky Vienings diz que o compromisso anti estupro assumido nas escolas é um bom começo, mas não basta. “E bom recitar algo, mas o que isso realmente significa? Qual e o impacto do estupro, o que ele representa para as mulheres? Penso que o facto de vivermos numa sociedade patriarcal faz da violação sexual um problema sistémico. E enquanto não mudarmos as coisas, enquanto não reformarmos a educação, não vejo como essa questão possa ser enfrentada” diz a directora.

Vienings e outras pessoas envolvidas no activismo anti violência sexual afirmam que existem muitas outras providencias a serem tomadas, incluindo a reforma da policia e do sistema judiciário.
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