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Presidente Biden apresenta visão de futuro, com classe média forte, justiça fiscal, melhor educação e estabilidade no Médio Oriente


Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, apresenta o discurso sobre o Estado da União, Washington, 7 março 2024
Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, apresenta o discurso sobre o Estado da União, Washington, 7 março 2024

No discurso sobre o estado da União, Joe Biden apresentou um balanço do seu mandato e destacou suas prioridades.

No seu discurso sobre o Estado da União, o Presidente dos Estados Unidos começou com uma forte defesa da democracia e da sua política externa, em especial o apoio à Ucrânia, desafiando diretamente o Presidente russo.

Em pouco mais de 70 minutos, Joe Biden apresentou uma balanço dos seus quatros, propos medidas políticas que beneficiem a classe médica, os séniores e a educação, defendeu uma política bipartidária para imigração, abordou a guerra no Médio Oriente e esplanou a sua visão do futudo do país.

"Desde o Presidente Lincoln e a Guerra Civil que a liberdade e a democracia não eram atacadas aqui em casa como são hoje", afirmou Joe Biden, que disse ser este um momento raro em que "a liberdade e a democracia estão sob ataque, tanto a nível interno como no estrangeiro".

No exterior, Biden afirmou que Vladimir Putin invadiu a Ucrânia e semeou o caos, mas advertiu que "se alguém nesta sala pensa que Putin irá parar na Ucrânia, garanto-vos que não o fará".

Aviso a Putin: "Eu não vou me curvar"

"Mas a Ucrânia pode deter Putin se estivermos ao lado da Ucrânia e fornecermos as armas de que necessita para se defender. É tudo o que a Ucrânia pede. Eles não estão pedindo soldados americanos", disse o Presidente, quem assegurou não haver soldados americanos em guerra na Ucrânia "e estou determinado a continuar assim".

Numa referência indireta ao seu adversário nas eleições de 5 de novembro, Joe Biden afirmou que "um antigo Presidente republicano, diz a Putin: `Faça o que quiser`. Um ex-Presidente americano disse isso, curvando-se diante de um líder russo". "É ultrajante. É perigoso. É inaceitável", continuou Biden que deu as boas-vindas ao primeiro-ministro da Suécia, presente no Congresso.

O Presidente americano avisou que se os Estados Unidos se afastarem agora, colocarão a Ucrânia em risco e deixou uma mensagem a Vladimir Putin: "Não iremos embora. Não nos curvaremos. Eu não vou me curvar".

Democracia prevaleceu

A nível interno ele relembrou o dia 6 de janeiro de 2021, quando "rebeldes invadiram este mesmo Capitólio e colocaram uma adaga na garganta da democracia americana".

"O dia 6 de Janeiro e as mentiras sobre as eleições de 2020, e as conspirações para roubar as eleições, representaram a ameaça mais grave à nossa democracia desde a Guerra Civil... A América permaneceu forte e a democracia prevaleceu", sublinhou Biden, dizendo que o seu "antecessor e alguns de vocês aqui procuram enterrar a verdade de 6 de Janeiro".

Defensor do direito da mulher ao aborto, o Presidente voltou a criticar Trump pela campanha contra o aborto, que levou à decisão do Supremo Tribunal de anular a lei que permitia a interrupção voluntária da gravidez, e apresentou uma mãe que, tendo o feto um quadro fatal, foi obrigada a sair do Texas para salvar a vida dela e a sua capacidade de ter filhos no futuro.

Ele pediu aos republicanos que se juntem a ele numa lei que permita o aborto e também que proteja a fertilização in vitro, destacando uma assistente social de Birmingham, Alabama, que deu "as boas-vindas a uma menina graças ao milagre da fertilização in vitro".

"Regresso da América" e classe média forte

No capítulo económico, Joe Biden lembrou ter assumido a Casa Branca "determinado a superar um dos períodos mais difíceis da história do nosso país".

"O regresso da América é construir um futuro de possibilidades americanas, construir uma economia a partir do meio para fora e de baixo para cima, não de cima para baixo, investir em toda a América, em todos os americanos para garantir que todos tenham uma oportunidade justa e que não deixemos ninguém para trás", defendeu Biden, lembrando que "a pandemia não controla mais nossas vidas" e que "as vacinas que nos salvaram da Covid estão agora a ser utilizadas para ajudar a vencer o cancro".

Ao apresentar um "relatório" da sua gestão, o Presidente americano destacou que "agora a nossa economia é a inveja do mundo" e disse que foram criados 15 milhões de novos empregos em apenas três anos, "um recorde" e que "o desemprego está nos níveis mais baixos dos últimos 50 anos".

Biden acrescentou que "um recorde de 16 milhões de americanos estão a iniciar pequenos negócios e cada um deles é um acto de esperança".

Ele apontou 800 mil novos empregos industriais na América, mais pessoas têm seguro de saúde hoje do que nunca, a disparidade de riqueza racial é a menor dos últimos 20 anos e que salários continuam a subir enquanto e a inflação caiu de de 9% para 3%, "a mais baixa do mundo".

Agora, ainda segundo o Presidente, em vez de importar produtos estrangeiros e exportar empregos americanos, "estamos a exportar produtos americanos e a criar empregos americanos".

O programa de infraestruturação também foi destaque na intervenção do Presidente, dizendo que as políticas do seu Governo "atraíram 650 mil milhões de dólares em investimentos do setor privado em energia limpa e produção avançada, criando dezenas de milhares de empregos aqui na América".

Joe Biden fez uma forte defesa da classe média que, segundo ele, "construiu este país" e, por isso, reiterou seu empenho num futuro em que "os dias da economia progressiva terminaram e as grandes e ricas corporações já não terão todas as oportunidades".

"Eu cresci numa casa onde pouca coisa escorria na mesa da cozinha do meu pai, por isso estou determinado a mudar as coisas para que a classe média tenha um bom desempenho, os pobres tenham um caminho ascendente e os ricos ainda tenham um bom desempenho".

O Presidente, com números a mostrar que suas políticas têm resultado, apesar dos apupos de vários republicanos na sala, disse ter reduzido o défice federal em 160 mil milhões de dólares, apontou o aumento do seguro médico, prometeu continuar a lutar pelo Obamacare e lembrou ter promulgado créditos fiscais que poupam 800 dólares por pessoa por ano, reduzindo os prémios de cuidados de saúde para milhões de famílias trabalhadoras.

Investigação em saúde da mulher e melhor educação

Na véspera do Dia Internacional da Mulher, ele felicitou a esposa, a primeira-dama Jill Biden, "pelo trabalho que faz" e anunciou a Iniciativa da Casa Branca sobre Investigação em Saúde da Mulher, liderada por ela.

"Aprovem meu plano de 12 mil milhões de dólares para transformar a pesquisa sobre saúde da mulher e beneficiar milhões de vidas em toda a América", pediu Biden.

Muitas outras iniciativas foram anunciadas como um crédito fiscal anual que dará aos americanos 400 dólares por mês durante os próximos dois anos para serem aplicados nas suas hipotecas quando comprarem uma primeira casa ou a trocarem por um ligeiramente maior.

"Para continuarmos a ser a economia mais forte do mundo, precisamos do melhor sistema educativo do mundo", apelou o Presidente que propôs acesso o pré-escolar para crianças de 3 e 4 anos.

"Estudos mostram que as crianças que frequentam o pre-escolar têm quase 50% mais probabilidades de terminar o ensino secundário e obter um diploma de 2 ou 4 anos, independentemente da sua origem", continuou Biden, quem prometeu trabalhar para expandir o ensino de alta qualidade e "tornar a faculdade mais acessível".

Ainda no campo económico, Joe Biden apelou a um código tributário justo.

Ele lembrou que a Adminstração Trump "promulgou um corte de impostos de dois mil milhões de dólares que beneficia esmagadoramente os muito ricos e as maiores empresas e fez explodir o défice federal" e pergunta se "as grandes e ricas corporações precisam de mais dois 2 trilhões em incentivos fiscais?"

Joe Biden voltou a defender que "ninguém que ganhe menos de 400 mil dólares pagará um centavo adicional em impostos federais e sublinhou que "a forma de tornar o código tributário justo é fazer com que as grandes corporações e os muito ricos paguem finalmente a sua parte".

O Presdente disse ser altura de aumentar o imposto mínimo sobre as sociedades para pelo menos 21%, para que todas as grandes empresas comecem finalmente a pagar a sua parte justa.

"Nenhum bilionário deveria pagar uma taxa de imposto mais baixa do que um professor, um trabalhador de saneamento, uma enfermeira", enfatizou o Presidente, no que foi muito saudado pelos seus pares democratas.

Tema sensível é a política da migração, principalmente em anos eleitorais e, hoje, o Presidente destacou o projeto de lei bipartidário que, embora tenha passado no Senado, está bloqueado na Câmara dos Representantes, controlada pelos republicanos.

"Esse acordo bipartidário contrataria mais 1.500 agentes e oficiais de segurança de fronteira, mais 100 juízes de imigração para ajudar a resolver dois milhões de casos, mais 4.300 agentes de asilo e novas políticas para que possam resolver casos em seis meses em vez de seis anos", disse Biden, para quem "este projeto salvaria vidas e traria ordem à fronteira".
"Mas, infelizmente, a política atrapalhou tudo até agora", afirmou Biden, revelando que "o meu antecessor ligou para os republicanos no Congresso e exigiu que bloqueassem o projeto".

"Meus amigos republicanos, vocês devem ao povo americano a aprovação deste projeto de lei", reforçou.

A fechar este capítulo, Bidem afirmou que não vai demonizar os imigrantes dizendo que eles “envenenam o sangue do nosso país..."não vou separar famílias" e fez uma forte defesa dos imigrantes.

Apoio "vitalício" a Israel e ajuda humanitária a Gaza

Depois de fazer uma forte advocacia pelos direitos cívicos e pela defesa do ambiente, o Presidente exigiu a proibição de armas de assalto e carregadores de alta capacidade, assegurando que tal não viola a Segunda Emenda ou difama os proprietários responsáveis de armas.

De regresso à política externa, Biden centrou-se no Médio Oriente e lembrou que "1.200 pessoas inocentes, mulheres, meninas, homens e meninos, massacrados, muitos sofrendo violência sexual", para ele, "o dia mais mortal para o povo judeu desde o Holocausto".

"Esta noite, aqui na Câmara estão famílias americanas cujos entes queridos ainda estão detidos pelo Hamas", disse o Presidente, prometendo que " não descansaremos até trazermos os seus entes queridos para casa".

"Também trabalhamos 24 horas por dia para trazer Evan e Paul para casa, americanos detidos injustamente em todo o mundo", e voltou a dizer que "Israel tem o direito de perseguir o Hamas".

Biden reconheceu que "Israel tem um fardo adicional porque o Hamas esconde-se e opera entre a população civil, mas lembrou que Telavive "também tem a responsabilidade fundamental de proteger civis inocentes em Gaza".

"Mais de 30 mil palestinianos foram mortos, a maioria dos quais não é do Hamas, milhares e milhares são mulheres e crianças inocentes", assinalou o Presidente ao apresentar o drama humanitário em Gaza.

"É de partir o coração", afirmou e assegurou que tem "trabalhado sem parar para estabelecer um cessar-fogo imediato que dure pelo menos seis semanas".

"Os Estados Unidos têm liderado esforços internacionais para levar mais assistência humanitária a Gaza", afirmou Biden, que acrescentou que "esta noite, dou instruções aos militares dos EUA para liderarem uma missão de emergência para estabelecer um cais temporário no Mediterrâneo, na costa de Gaza, que possa receber grandes navios que transportam alimentos, água, medicamentos e abrigos temporários".

Biden voltou a dizer que Israel deve permitir mais ajuda a Gaza e garantir que os trabalhadores humanitários não sejam apanhados no fogo cruzado.

"Ao olharmos para o futuro, a única solução real é uma solução de dois Estados. Digo isto como um apoiante vitalício de Israel e o único Presidente americano a visitar Israel em tempo de guerra. Não existe outro caminho que garanta a segurança e a democracia de Israel. Não existe outro caminho que garanta que os palestinianos possam viver com paz e dignidade", disse o Presidente americano, para quem "criar estabilidade no Médio Oriente significa também conter a ameaça representada pelo Irão".

O futuro da América

Joe Biden, que tem 81 anos de idade, encerrou o seu discurso com referência à sua carreira e à sua visão do futuro.

Começou como defensor público, depois vereador, senador dos Estados Unidos aos 29 anos, vice-presidente do primeiro Presidente negro, agora Presidente, com a primeira vice-presidente mulher, Biden disse que "me disseram que sou muito jovem e muito velho, seja jovem ou velho, sempre soube o que perdura".

Para Biden, "o problema que a nossa nação enfrenta não é quantos anos temos, mas sim quantos anos têm as nossas ideias? Ódio, raiva, vingança, retribuição estão entre as ideias mais antigas, mas não se pode liderar a América com ideias antigas que apenas nos levam ao passado".

"Para liderar a América, a terra das possibilidades, é necessária uma visão para o futuro daquilo que a América pode e deve ser", sublinhou o Presidente quem apresentou um futuro "onde defenderemos a democracia e não a diminuiremos, restauraremos o direito de escolher e proteger outras liberdades e não retirá-las, onde a classe média finalmente terá oportunidades justas e os ricos finalmente terão que pagar sua parte justa em impostos, um futuro onde salvaremos o planeta da crise climática e o nosso país da violência armada".

"Acima de tudo, vejo um futuro para todos os americanos... e sempre serei um Presidente para todos os americanos" que, para ele, são a "razão pela qual nunca estive tão otimista sobre o nosso futuro".

"Nós somos os Estados Unidos da América", concluiu o Presidente.

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