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Precisamos ser audazes em prol da mudança, defende directora da OMS


Dr.ª Matshidiso Moeti, Directora Regional da OMS para África
Dr.ª Matshidiso Moeti, Directora Regional da OMS para África

"As mulheres deixariam de ser discriminadas através de leis e políticas com base no género"

Como seria um mundo transformado para as mulheres jovens e adultas?

Matshidiso Moeti, Directora Regional da Organização Mundial de Saúde para África, coloca a questão, um ano depois de se terem lançado os Objectivos do Desenvolvimento Sustentável bem como da Estratégia Mundial da OMS para a Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente (Novembro de 2015).

Nessa altura, diz Moeti na sua mensagem por ocasião do Dia Internacional da Mulher, o mundo foi instado a "pôr cobro a todas as formas de discriminação contra mulheres jovens e adultas, quaisquer que sejam e em qualquer lugar, e ainda a fazer com que essas populações possam não só sobreviver mas também prosperar e transformar o mundo."

Na óptica de Matshidiso Moeti, se o mundo fosse transformado para as mulheres jovens e adultas, "as mulheres deixariam de ser discriminadas através de leis e políticas ou ainda com base em estereótipos de género e em práticas e normas sociais", acrescentando que na região africana "seria um arrojado mundo novo".

A médica menciona a gravidez precoce, numa classe pobre, os abortos em condições precárias, os casamentos precoces, bem como a falta de acesso à educação como factores que atrasam o desenvolvimento da mulher africana.

Na mensagem em que Moeti pede que todos sejam audazes para que o mundo mude e tenha em maior consideração o contributo feminino, a directora da OMS para África refere que "em 2015, perto de metade de todos os adolescentes que viviam com o VIH no mundo correspondiam a seis países, dos quais cinco pertencem à Região Africana. Na África Austral, as raparigas adolescentes e as jovens mulheres da faixa etária entre os 15 e 24 anos de idade são afectadas de forma desproporcionada, representando aproximadamente 30% do total de novas infecções."

Agressão sexual em campos de refugiados

Os estudos têm revelado que tanto os casamentos infantis como a violência nas relações íntimas aumentam o risco de mulheres jovens e adultas contraírem o VIH. São mais susceptíveis de serem induzidas a praticar sexo forçado e/ou de risco e de estarem menos preparadas para negociar o uso de protecção sem a qual aumentam os riscos associados ao VIH e a outras doenças sexualmente transmissíveis.

Mulheres jovens e adultas estão expostas a maiores riscos de violência sexual e associada ao género, ao VIH, a violações, a casamentos precoces e a tráfico em situações de crise humanitária, como campos de refugiados. Dados comprovam, diz Moeti, que mais de 75% das pessoas afectadas por crises humanitárias são mulheres e crianças, cuja propensão para perder a vida é 14 vezes superior à dos homens em situação de emergência.

Visão de Moeti

Dar às mulheres as mesmas oportunidades de cuidados de saúde, educação, acesso à participação sócio-política é, na perspectiva de Matshidiso Moeti, o caminho para atingir o Objectivo de Desenvolvimento Sustentável para 2030.

"Tenho, pessoalmente, uma visão para uma África transformada, em que se apoiam e capacitam as mulheres jovens e adultas em benefício da sociedade no seu conjunto. Assim, deixo um apelo aos Homens e às Mulheres, às comunidades e aos governos: chegou a hora de sermos audazes em prol da mudança e de se pôr cobro a todas as formas de discriminação contra as mulheres. Esse é o caminho para termos uma Região mais justa, saudável e próspera.

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