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Política externa do Brasil vira-se para países desenvolvidos


Ministério das Relações Exteriores, Brasil
Ministério das Relações Exteriores, Brasil

A política externa do Brasil passa por uma mudança significativa com o início do Governo Michel Temer que, com a economia do país à procura de novos e grandes negócios no mercado internacional, começa a aproximar-se dos países desenvolvidos.

Esta é a leitura de observadores políticos que apontam esta mudança em relação à polícia externa conduzida pelos governos Lula da Silva e Dilma Rousseff, mais virada para os países pobres e emergentes.

Uma das primeiras decisões no novo ministro brasileiro das Relações Exteriores foi encomendar um estudo sobre as 17 embaixadas criadas por Lula da Silva em África com o objetivo de fechar algumas e reduzir custos.

O professor de Relações Internacionais da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Minas Gerais Walter Marinho entende que esse estudo demonstra uma mudança na conduta dos trabalhos no Ministério das Relações Exteriores.

“Além da área económica, a área de política externa era a área que realmente estava precisando de uma mudança mais brusca. Acho que ainda é prematuro julgar o resultado disso, mas de qualquer forma penso que uma racionalização deve ser necessária já que o Brasil enfrenta uma crise económica e dificuldades no seu orçamento. Mas acredito que isso não seja um distanciamento da África. Por enquanto a gente não tem base para julgar, mas tudo indica que se queira avaliar aquela embaixada que foi criada só por uma razão política de humanizar esse pessoal do ex-presidente Lula por exemplo, ou a que realmente tem um peso político e económico na relação entre os países”, disse Marinho.

Aquele analista enfatiza, no entanto que essa nova conduta do Ministério das Relações Exteriores não define um afastamento permanente entre o Brasil e a África.

“Acho que essa relação entre o Brasil e a África não é necessariamente excludente. O Brasil precisa se aproximar dos países desenvolvidos porque precisa fazer negócios e quem tem peso económico é que vai gerar mais negócios. Isso não é necessariamente se afastar dos países menores. Acho que existe grandes oportunidades na África e certamente o Brasil está ciente disso. Eu já dei aulas em Moçambique e na África do Sul e sei que são países que têm grande potencial de colaboração. Aproximar-se dos Estados Unidos e da Europa não significa afastar-se da África. Sinceramente espero que eles não façam isso e que eliminem eventualmente uma embaixada que foi instalada por razões meramente políticas ou de amizade”, concluiu Walter Marinho.

O também professor de Relações Internacionais da PUC Minas e doutor em geografia Ricardo Corniglion acredita que vai ser benéfico para o Brasil o trabalho de José Serra no Ministério.

Comiglion entende que a aproximação com os países mais desenvolvidos pode trazer bons resultados para a política externa brasileira, principalmente no comércio, mas isso não significa um rompimento definitivo com as nações mais pobres e emergentes.

“Acredito que vamos ter uma guinada muito séria na política externa brasileira porque o José Serra vai implantar uma política externa mais voltada para os países avançados, particularmente os Estados Unidos, os países que compõem a União Europeia e o Japão. Isso porque durante os 13 anos do Governo PT, o Governo virou-se muito para os países pobres, os emergentes e principalmente para aqueles países bolivarianos, que tinham ou ainda mantêm governos de esquerda. Acredito que para o Brasil será bom e não digo que ele tem que dar as costas para os países pobres e emergentes. Mas os países avançados, do ponto de vista pragmático, têm muito mais a oferecer ao Brasil em termos de investimento, de comércio, de parceria estratégica e de transferência de tecnologia”, concluiu aquele professor.

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