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O motivo da espionagem americana sobre o Brasil.


Presidente do Brazil Dilma Rousseff atende à cerimônia no Palácio do Planalto, em Brasília, Brasil, em que novamente cobrou explicações do governo americano acerca das atividades da Agência de Segurança Nacional americana.
Presidente do Brazil Dilma Rousseff atende à cerimônia no Palácio do Planalto, em Brasília, Brasil, em que novamente cobrou explicações do governo americano acerca das atividades da Agência de Segurança Nacional americana.

Novas denúncias de espionagem levaram a presidente Dilma Rousseff a questionar os reais motivos por trás da suposta espionagem conduzida pela Agência Nacional de Segurança americana.

Tensão entre os governos brasileiro e americano continua a acirrar-se à medida em que mais informações sobre a possível “espionagem” da Agencia de Segurança Nacional americana vêm à tona. Após notícias de que a presidente do Brasil Dilma Rousseff haveria sido alvo da agência americana, documentos recentemente publicados revelam que a companhia petrolífera brasileira Petrobrás teria tido sua rede de computadores invadida pela agência americana.

O caso surgiu no dia 1º de Setembro, domingo, quando a emissora de televisão TV Globo revelou, através de documentos confidenciais obtidos pelo jornalista do jornal The Guardian Glenn Greenwald, que a presidente da república Dilma Rousseff haveria tido sua correspondência pessoal "fiscalizada" pela ASN. No dia seguinte, o ministro das relações exteriores Luiz Alberto Figueiredo cobrou do embaixador americano Thomas Shannon explicações sobre o caso:

"Convoquei o embaixador Thomas Shannon a meu gabinete e disse a ele da indignação do governo brasileiro com a violação das comunicações da Presidente da República. No nosso ponto de vista isso representa uma violação inadmissível e inaceitável da soberania brasileira. Esse tipo de prática é incompatível com a confiança necessária na parceria estratégica entre dois países. Eu disse ao embaixador que o governo quer prontas explicações, formais, por escrito"

Entretanto, respostas insatisfatórias por parte da Casa Branca enervaram o governo brasileiro. Na terça-feira, dia 3, o Senado brasileiro instaurou uma Comissão Parlamentar de Inquérito para obter maiores detalhes sobre o caso. Entre outros atos, essa comissão concedeu protecção policial para os jornalistas Greenwald e seu parceiro David Miranda, que havia sido detido e interrogado durante 8 horas quando da sua passagem por Londres. Miranda haveria trazido consigo os documentos confidenciais da ASN, entregues por Edward Snowden, que foram apresentados por Greenwald à emissora brasileira.

David Fleischer, cientista político americano e professor emérito da Universidade de Brasília, enumerou outros movimentos políticos, tomados por ambos governos, que dão indícios do declínio da relação entre os dois países.

Ouça o áudio no link abaixo:
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"Tem três sinais que apareceram essa semana. Um foi que (o embaixador dos Estados Unidos no Brasil) Shannon saiu as pressas do Brasil (na sexta-feira, dia 6), sem nenhuma festa de despedida, e ele foi convocado para ir direto para ser o novo embaixador na Turquia. Havia noticias na imprensa que ele iria pegar um cargo importante no state department para estar em Washington preparando a visita da Dilma, e estaria presente em outobro durante a visita dela. Mas Washington decidiu por alguma razão que dispensa ele e manda ele direto pra Turquia.

Uma missão brasileira, que se pode chamar de uma missão avançada de diplomatas, diante da segurança e da logística, iria para Washington, na semana que vem, para articular a visita dela (Presidente do Brasil Dilma Rousseff). E essa visita desse grupo avançado foi cancelada ou adiada (na quinta-feira, dia 5) por parte da "presidenta".

E outro sinal foi que a FAB (Força Aérea Brasileira) e a Embraer (Empresa Brasileira de Aeronáutica), em Gavião Peixoto, onde a Embraer tem uma base para preparar aviação de defesa, fizeram uma grande cerimônia (ocorrida dia 2, segunda-feira), com muita pompa e circumstancia, para a Embraer entregar o primeiro avião AMX, recondicionado, à FAB, o primeiro dos 43. Esse foi outro recado, muito forte, no sentido de que o brasil não precisa do Fx2 (Modelo de caça da empresa americana Boeing que seria adquirido através de concorrência) tão cedo.

Então, para mim, foram 3 recados dos dois lados bastante importantes."


Apesar do relocamento de Thomas Shannon, o relacionamento entre as duas partes havia aquietado, após encontro em particular entre Dilma Rousseff e Barack Obama, na noite do dia 5, na Cúpula do G20 em São Petersburgo. Na conversa, o presidente americano prometeu que daria explicações sobre o caso para o governo brasileiro até o dia 11.

Contudo, domingo passado, dia 8, a emissora TV Globo voltou a revelar outros documentos confidenciais da ASN que indicam que a empresa petrolífera estatal brasileira Petrobrás também haveria sido alvo de espionagem. Tal informação põe em xeque a posição oficial da agência americana, divulgada pelo jornal The Washington Post, de que, apesar de não existir nenhum caso de terrorismo por parte de brasileiros, a “espionagem” sobre o governo sul-americano teria motivos de segurança nacional. A presidente Dilma Rousseff, em nota oficial publicada na segunda-feira, dia 9, foi taxativa ao revelar o que seria o verdadeiro motivo da “espionagem” americana:

"Se confirmados os fatos veiculados pela imprensa, fica evidenciado que o motivo das tentativas de violação e de espionagem não é a segurança ou o combate ao terrorismo, mas interesses econômicos e estratégicos"

"Sem dúvida, a Petrobras não representa ameaça à segurança de qualquer país. Representa, sim, um dos maiores ativos de petróleo do mundo e um patrimônio do povo brasileiro"

"Tais tentativas de violação e espionagem de dados e informações são incompatíveis com a convivência democrática entre países amigos, sendo manifestamente ilegítimas. De nossa parte, tomaremos todas as medidas para proteger o país, o governo e suas empresas."


Amanhã termina o prazo dado pelo presidente Barack Obama para explicar as alegações de espionagem. Caso não sejam consideradas satisfatórias pelo governo brasileiro, é provável que a visita oficial da presidente Dilma Rousseff marcada para o dia 23 de outubro seja cancelada. Em última instância, o Brasil poderá levar o caso à Assembléia Geral das Nações Unidas, que se reunirá dia 17 deste mês, para que seja julgado pela Corte Internacional de Justiça.
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