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2014: O ano do horror em matéria de direitos humanos


O 10 de Dezembro é o dia dos Direitos Humanos. Muitos observadores dizem que 2014 será lembrado como o ano dos abusos em vasta escala

A guerra é a principal origem dos abusos em todo o mundo – nos últimos 12 meses os conflitos intensificaram.

Na Síria, a guerra civil dura há quase quatro anos. Centenas de milhar de pessoas morreram e milhões foram forçadas fugir. No último ano o conflito expandiu-se ao vizinho Iraque com as forças governamentais, combatentes da oposição moderada, militantes islamitas e combatentes curdos a lutar pelo mesmo território.

Kobani, Síria
Kobani, Síria

A comunidade internacional deve assumir alguma responsabilidade, diz Steve Crawshaw, conselheiro sénior na Amnistia Internacional: “Para que se tente resolver o conflito da melhor forma e o quanto antes e para que se pressione quem tem que ser pressionado e os direitos humanos sejam mais respeitados”.

Artilharia pesada – barris cheios com explosivos, deixados por um helicóptero – foram usados largamente pelo governo sírio, matando milhares de civis. O aliado-chave da Síria, a Rússia, deveria opor-se ao uso das mesmas, segundo o director da Human Rights Watch, Kenneth Roth.

“As bombas permitem ao ISIS dizer que a Rússia apoia um governo em Damasco que está a cometer assassinatos nos territórios dominados por si”, explica Roth.

Ludmila Pavlovna vê a sua casa a arder em Donetsk, Ucrânia
Ludmila Pavlovna vê a sua casa a arder em Donetsk, Ucrânia

Entretanto, Moscovo está alimentar um conflito no leste da Ucrânia, ao fornecer material militar aos separatistas. Cerca de quatro mil e 500 pessoas foram mortas e há inúmeros casos de raptos e tortura. Numa recente visita a Moscovo, Kenneth Roth disse que a situação pode piorar.

“Creio que há uma insegurança política por trás disso tudo. Temo que isso só vai intensificar à medida que os problemas económicos da Rússia vão aumentando devido às aventuras de Putin na Ucrânia.”

O isolamento da Rússia conduziu à pior repressão contra a dissidência dentro da Rússia desde o tempo da União Soviética, defende Roth.

“Isto acrescenta apenas que está criada a arquitectura para que haja uma repressão ainda maior caso Putin precise dela”, acrescentou o director da Human Rights Watch.

Movimento "Ocupem o Centro" em Hong Kong
Movimento "Ocupem o Centro" em Hong Kong

A China foi acusada de regredir em relação aos direitos humanos, após a repressão aos protestos pró-democracia, em Hong Kong.

A expansão dos grupos islâmicos em África conduzindo a violações dos direitos humanos numa vasta escala. Os assassínios e os ataques suicidas pelo Boko Haram na Nigéria intensificam-se, enquanto as forças do governo nigeriano são acusadas de decapitações e tortura.

No Egipto, activistas dizem que a esperança dos manifestantes da Primavera Árabe estão extintas. Mas a Amnistia Internacional faz questão de destacar

Abubakar Shekau líder do Boko Haram
Abubakar Shekau líder do Boko Haram

duas conquistas-chave nos últimos 12 meses:

“No Sri Lanka existe agora uma investigação internacional sobre os terríveis homicídios de 2009, quando dezenas de milhar de civis foram mortos. Nos termos das Nações Unidas, há um Acordo de Troca de Armas, em campanha há 20 anos", realçou Steve Crawshaw.

De um modo geral, o dia dos Direitos Humanos em 2014 será lembrado como o ano dos abusos em vasta escala, em várias partes do mundo.

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