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Notas "não maravilhosas”


Copacabana, Rio de Janeiro, Brasil
Copacabana, Rio de Janeiro, Brasil

A outra cara do Rio-2016

É opinião generalizada que o Brasil não devia ter optado por organizar dois eventos com o porte do Mundial de Futebol e dos Jogos Olímpicos, com um intervalo de tempo de dois anos. É claro que quando a decisão “política” foi tomada a situação económica apontava para um crescimento económico sustentado, ao contrário do que veio a acontecer. Além da turbulência política.

Com muitos problemas para erguer toda a estrutura necessária para acolher o maior evento do mundo de 2016, as autoridades brasileiras viram-se aflitas para terminar tudo em tempo. E nem tudo terminou em tempo, em vários aspectos, embora a parte desportiva não tenha sido afectada. Que é, sempre, o que mais importa, mas não é tudo. Há notas não condizentes com o cartão da cidade “maravilhosa”.

Fila para transporte público, Rio de Janeiro, Brasil
Fila para transporte público, Rio de Janeiro, Brasil

I. As autoridades da cidade criaram estruturas praticamente de raiz, como a BRT e o VLT,mas o transporte tem sido um dos calcanhares-de-Aquiles para todos.Os expectadores vêm-se obrigados a longas horas de espera para chegar aos estádios e os não-espectadores, ou seja os trabalhadores que pretendem ir ou regressar aos seus empregos ou casas, enfrentam atrasos e parecem enlatados dentro dos meios de transporte.

A “sorte” é que nem todos os bilhetes foram vendidos e, à excepção de alguns desportos colectivos como voleibol, voleibol de praia, basquetebol e pouco mais, os estádios não estão cheios.

Parque Olímpico, Barra da Tijuca
Parque Olímpico, Barra da Tijuca

II. A bela orografia do Rio de Janeiro, que faz da cidade uma das mais lindas do mundo, tem o seu outro lado. Neste caso, não facilita as deslocações entre os quatro complexos olímpicos e entre eles e a Vila Olímpica, os hotéis e o Main Press Centro (o Centro de Imprensa). Excepção para o Parque Olímpico que fica mais próximo das delegações e dos jornalistas, mas distante de quem mora no centro e na Zona Sul da cidade.

Atletas têm-se queixado do tempo que levam para chegar aos locais de treino e de competição e os jornalistas vêm-se aflitos para cobrir eventos em locais diferentes, apesar de o transporte para a imprensa ser bastante efectivo. Mas, neste ítem, foi a natureza que impôs a sua ordem.

Piscina do hotel dos jornalistas
Piscina do hotel dos jornalistas

III. Dois complexos hoteleiros, já vendidos pelas construtoras como apartamentos, segundo fontes locais, foram construídos num dos extremos do Recreio dos Bandeirantes, para o efeito. Cerca de 2.500 profissionais de comunicação de todo o mundo hospedam-se na Barra Village, uma estrutura básica, com quartos pequenos, sem armários, mas com uma boa cama e água quente e fria, dois ingredientes importantes para quem passa entre 14 e 16 horas a trabalhar.

Nos primeiros dias, jornalistas tiveram de mudar de quartos por falhas da gestão do hotel, como eu, encontramos cabos soltos e, em muitas ocasiões, houve que fazer pequenos consertos de última hora. Com refeitório, com mesas conjuntas, em vez de restaurantes clássicos, piscina, que poucos usam por falta de tempo, ginásio, bar, lavanderia com apenas 10 máquinas para lavar e outras tantas para secar, uma loja de conveniência, com produtos caros, integram o conjunto de outras comodidades.

Transporte para jornalistas
Transporte para jornalistas

Na verdade, tudo é básico e limpo, apesar de haver mosquitos rondando o local, em virtude de um grande canal de água estagnada bem no meio do complexo. Em mesmo matei um dentro do elevador no sétimo andar!!!. Não sei se tinha zika.

Entretanto, as principais críticas vão para a alimentação que deixa muito a desejar, à excepção do bom pequeno-almoço, embora não tipicamente brasileiro. Ao almoço e jantar, o menu não é variado, aliás muito repetitivo. O pior é que num raio de 20 minutos de carro não há nada perto e os autocarros para os jornalistas só param nos locais olímpicos.

Nota positiva para a simpatia e disponibilidade permanente dos empregados.

Centro de Imprensa dos Jogos Olímpicos
Centro de Imprensa dos Jogos Olímpicos

IV. O Main Press Center (MPC) está bem equipado e os voluntários e funcionários são muito céleres, prestativos e simpáticos, como é marca do brasileiro. Apesar de, em muitas ocasiões, faltar aquele que é um dos melhores companheiros de jornada dos jornalistas, o café, as condições são muito boas, até chegar à alimentação.

Restaurante no Centro de Imprensa, Rio de Janeiro
Restaurante no Centro de Imprensa, Rio de Janeiro

O único restaurante do local, com um buffet que custa 35 dólares por quilo, é pouco variado. Para complicar a situação, os restaurantes e cafés externos ao (MPC) ficam a 15 ou 30 minutos de caminhada, tempo que nem sempre temos para o efeito. Mas o problema nem sequer se coloca ao nível do preço, mas sim do facto de o menu ser fraco, quase sempre o mesmo e sem qualquer toque brasileiro. Uma imposição olímpica muito criticada.

Quem aproveitou da situação foi um hotel localizado ao lado do MPC que oferece um buffet de alto nivel, muito variado e completo, ou seja com bebida e sobremesa, mas mais barato. Felizmente…

Jornalistas americanas
Jornalistas americanas

V. A falta de transporte alterativo seguro tem sido um problema para os jornalistas que desejam fazer reportagens fora dos complexos olímpicos. Os taxis nem sempre estão próximos do Centro de Imprensa ou das demais estruturas, em virtude dos bloqueios impostos para facilitar a deslocação da família olímpica. E quando se toma um taxi em qualquer lugar há riscos acrescidos.

Fim.

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