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Nigéria debate amnistia para a Boko Haram


Suspeitos membros da seita radical islâmica Boko Haram, Bashir Ibrhim (esq), Ibrahim Habibu (cen) e Gambo Maiborodi (dir) presos por envolvimento em raptos e assassinios
Suspeitos membros da seita radical islâmica Boko Haram, Bashir Ibrhim (esq), Ibrahim Habibu (cen) e Gambo Maiborodi (dir) presos por envolvimento em raptos e assassinios

Nigerianos estão divididos se o governo deve conceder perdão aos membros da seita radical islâmica à semelhança do que fez com os ex-combatentes do Delta do Níger

Numa altura que os nigerianos debatem a possibilidade de amnistiar os militantes radicais do norte do país, a Voz da América analisa o programa de amnistia de há quatros concedida as milícias no sul.

Alguns dos militantes no Delta do Níger estão a abrir pequenos negócios enquanto outros afirmam-se desapontados, referindo que sem mudança, o reacender da violência é inevitável.

Em alguns dos portais de jornais nigerianos na internet, existem sondagens perguntando aos leitores se acham que o governo devia conceder amnistia aos militantes da Boko Haram, um grupo que é responsabilizado por milhares de mortes nos último quatro anos. Num desses sites, a maioria dos votantes era a favor do não, e argumenta que os mesmos mataram inocentes e devem ser responsabilizados.

Mas para muitos nigerianos, a ideia da paz através da amnistia foi testada com sucesso no passado na região do Delta do Níger rica em petróleo, onde os militantes fizeram uma guerra contra o governo e companhia petrolíferas durante vários anos.

Os analistas são imediatos em afirmar que o conflito no Delta do Níger foi muito diferente do actual conflito da Boko Haram. A seita radical islâmica, é uma nebulosa de um grupo que afirma lutar pela lei islâmica e para libertar os seus membros actualmente encarcerados nas cadeias do país. Os militantes do Delta do Níger eram um braço de um movimento popular apelando para a distribuição equitativa da riqueza produzida na zona.

Mas no Delta do Níger, alguns antigos militantes afirmam que o programa de amnistia tem prevenido uma outra revolta.Epipade Kemepade de 30 anos era o responsável pelo envio de armas para os seus colegas militantes, dos “lutadores da liberdade” como se apelidavam.

Em 2009, na companhia de dezenas de milhares de outros jovens, Kemepade entregou as armas em troca da prometida formação profissional e um pouco mais de 400 dólares de subsídio mensal de subsistência.

Agora Kemepade é um homem formado e proprietário de uma loja. Ele está entre 300 antigos militantes que receberam no mês passado promessas para expandir os seus negócios, e até continuam a espera.

Outros antigos militantes, afirmam no entanto que Kemepade é uma excepção, e que a maioria dos rapazes, como são conhecidos localmente estão de novo de volta as formações profissionais para encontrarem um emprego na capital para depois iniciarem os negócios. Charles Efenudu é um desses jovens.

“Estou a tentar trabalhar numa plantação porque o governo federal não está a fazer nada de bom para a nossa formação. Nós apenas sentamos em casa sem fazer nada.”

Perye Williams é um advogado e activista em Warri, uma cidade petrolífera que se diz estar tecnicamente em paz, mas onde os níveis de crime e tensões são elevados. Ele afirma que o programa de amnistia tem favorecido mas em ultima analise não irá manter ou conservar a paz.

“Ainda está a fervilhar no sistema nigeriano de nepotismo e favoritismo. Construir boas estradas, boa electrificação e água potável. Construir hospitais nessas comunidades e outras coisas que serão protegidas pelo povo.”

No norte, os membros da Boko Haram têm fatalmente rejeitado a ideia de aceitar a amnistia, afirmando que o governo deveria pedir-lhes primeiro amnistia para si.
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