Em Outubro de 2008, Ministros do Turismo dos países da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral reuniram-se em Sandton, uma zona luxuosa dos arredores da cidade sul-africana de Johannesburgo.
Organizada pelas autoridades sul-africanas, a conferência visava criar as bases para o lançamento de um programa cujo objectivo central era juntar esforços de modo a garantir que todos os países da região Austral africana pudessem assumir e tirar proveito, o máximo possível, das oportunidades de negócio criadas pelo facto de a África do Sul acolher o Campeonato Mundial de Futebol.
Nessa altura, as previsões apontavam para a possibilidade de a África do Sul receber entre quinhentos e seiscentos mil visitantes, em resultado da realização da copa do Mundo.
E porque os sul-africanos diziam não ter capacidade para alojar toda essa gente, ficou assente que cada país interessado, aqui, da região, iria receber os outros turistas.
A expectativa de Moçambique era a de receber pelo menos dez por cento daquele número, isto é, entre cinquenta e sessenta mil turistas.
A FIFA fez, inclusivamente, reservas e o sector hoteleiro moçambicano teve que trabalhar de forma a assegurar que todas as condições exigidas pela Federação Internacional de Futebol fossem criadas.
Foi assim que muitas das unidades hoteleiras começaram a fazer obras. Alguns hotéis foram sendo construídos de raíz, outros sofreram melhorias significativas.
Foram investidos vários milhões de dólares americanos.
Um investimento que, agora, muitos estão arrependidos de ter feito.
É que, ao que tudo indica, os turistas já não virão.
Mesmo a África do Sul já não deverá receber tantos visitantes como incialmente se esperava. Lucas Chachine Presidente do Pelouro do Turismo na Confederação das Associações Económicas de Moçambique falou à voz da America bem como o Presidente da Associação de Hotéis do Sul de Moçambique Quessanias Matsombe. Ouça as suas declarações
Os operadores turísticos estão muito preocupados, mas o governo procura acalmá-los.
Quando soube que a África do Sul iria acolher o Campeonato Mundial de Futebol, o executivo de Maputo aprovou uma estratégia, em Setembro de 2007, e criou um gabinete específico para pôr em prática tal estratégia que, na essência, tinha como missão única aproveitar as oportunidades criadas pela prova que arranca já nesta sexta-feira, na África do Sul.
E foi nesse âmbito que inúmeros projectos públicos, como a modernização e ampliação do Aeroporto Internacional de Maputo, bem como a construção, de raíz, do maior Estádio de Futebol, nos arredores da capital moçambicana, começaram a ganhar corpo.
O Gabinete Técnico do Mundial 2010 diz ter feito tudo o que estava a seu alcance para atrair turistas para Moçambique, durante este período. Ouça as declarações de Nuno Fortes, Assistente Executivo do Gabinete Técnico do Mundial 2010.
Os operadores turísticos reconhecem que o governo fez muito, mas criticam as autoridades moçambicanas por não terem conseguido pelo menos trazer uma selecção que fosse para estágios pre-competitivos de preparação para o Mundial, à semelhança do que aconteceu com outros países aqui da SADC. Ouça as declarações de Quessanias Matsombe
Expectativas de "invasão" de turistas longe da realidade