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Moçambique: Multinacionais põem água na fervura


Mina da Rio Tinto na província de Tete
Mina da Rio Tinto na província de Tete
Em Moçambique, apesar da falta de progressos nas negociações entre o governo e a Renamo, o clima de tensão política distendeu-se nos últimos dias e analistas dizem que isso se deve, em parte, à pressão que as multinacionais que operam no país, exercem sobre as partes em conflito.

Várias companhias, como a Rio Tinto, Vale, Anadarko, entre outras, estão, há alguns anos, presentes em Moçambique, onde investiram vários milhares de milhões de dólares na pesquisa e/ou exploração de recursos naturais, sobretudo nas regiões centro e norte do país.

Apesar de algumas ameaças á paz, informações disponíveis indicam que algumas dessas grandes companhias poderão estar a pressionar tanto o governo como a Renamo, no sentido de evitarem o escalar da presente tensão política em Moçambique.

O académico Calton Cadeado diz concordar com essa opinião, mas entende que não se deve reduzir todo o protagonismo apenas ás grandes companhias, pois, houve e ainda há uma pressão muito forte da sociedade civil moçambicana.

“Eu vou dar um exemplo da África do Sul, onde nós falámos muito da acção política que foi desencadeada pelo ANC com a colaboração dos vizinhos da SADC para deixar cair o apartheid, mas também existiu uma grande pressão do sector económico que nós nunca discutimos ou porque não tínhamos muitos dados, mas que hoje já sabemos que jogaram um papel muito forte, pelo que não podemos isolar as coisas-há um protagonismo grande das multinacionais, mas também há uma pressão da sociedade civil”, realçou.

Para o analista José Machicame, para além dessa eventual pressão, o líder da Renamo, Afonso Dhlakama,”está associado a um exemplo de gestão de paz pós-conflito que tem sido considerado um exemplo de sucesso, e eu penso que ele quererá preservar esse legado”.

Em meios diplomáticos afirma-se que a recente visita a Moçambique do chefe da diplomacia brasileira, se enquadra nesse “forcing” que as grandes companhias exercem sobre Maputo e Gorongosa, para terem uma postura mais prudente, relativamente ao enorme capital investido no país.

Para o analista João Colaço essa pressão pode existir, mas é necessária uma reflexão mais profunda sobre as potenciais causas de uma situação de violência em Moçambique, entre as quais, a carestia da vida e a falta de emprego, sobretudo para jovens.

Tanto o governo como a Renamo, dizem que o que lhes move nestes contactos é “a vontade de evitar voltar a mergulhar o país num conflito violento”.

Ramos Miguel VOA-Maputo
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