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Médicos alertam que número de febre amarela podem não ser reais


Médicos angolanos divergem quanto a algumas medidas adoptadas pelo Executivo no combate à febre amarela no país, que, segundo dados oficiais, já matou mais de 218 mortes e infectou mais de 1.500 pessoas.

As reacções ocorrem numa altura em que a Directora-Geral da OMS Margaret Chan visita Luanda para inteirar-se junto das autoridades sanitárias do país sobre as epidemias que se abatem sobre o país.

Número de febre amarela poderão não ser reais, alertam médicos angolanos - 2:40
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O médico Maurilio Luyele diz à VOA ter muitas dúvidas quanto ao numero oficial de mortes por febre amarela avançados até agora e considera que o sistema de informação de saúde é bastante débil para notificar rapidamente os casos de doenças.

''Penso que os números que estão a ser divulgados sobre mortes por febre amarela estão aquém da realidade, a percepção que se tem dos bancos de urgência dos hospitais é que estes números estejam abaixo do real, antes de ontem tinham sido notificados quase 500 casos dos quais 218 mortes, só nos últimos dois dias foram notificados 20 casos, um bocado paradoxal que os números de mortes tenham aumentado depois de se ter feito a cobertura vacinal de Luanda''.

Por seu lado, o médico Xavier Jaime diz ter poucos dados sobre este aspecto mas aconselha as autoridades a não esconderem os factos.

''Se forem só 150 mortes até agora felizes somos nós, agora se há mais casos e estão a esconder isto é mau e um atentado a todos nós, creio que as autoridades não deviam esconder os dados'', explica Jaime.

Em relação à vacinação contra a febre amarela já foram imunizados em Luanda 5,8 milhões de pessoas segundo dados oficiais, mas Maurilio Luyele diz que tal facto não resulta em eficácia.

Filas intermináveis para a vacinação da febre amarela em Viana, Luanda
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''Pela forma de propagação da doença, transmitida por mosquito que se pode propagar fácil e rapidamente e porque as pessoas estão em lugares onde o mosquito se desenvolve naturalmente, não se pode vacinar em Viana por exemplo e deixar o Cazenga, tem de se arranjar formas de se cobrir o país todo porque vacinar Luanda e deixar Benguela por exemplo é quase não fazer nada'', diz aquele especialista, enquanto o colega de profissão tem opinião diferente.

''Conceitos válidos de epidemiologia dizem que não se pode fazer cobertura vacinal de 100 porcento da população, deve-se fazer gradualmente'', explica Xavier Jaime.

Maurilio Luyele aconselha o Governo a ter em conta outras três doenças que se podem confundir entre si, como “a malaria, a dengue e a chikunguyia, que passam despercebidas''

Por seu lado, o professor da universidade de medicina Xavier Jaime defende que para acabar com a febre amarela e outras doenças há que atacar as causas e não as consequências.

Recorde-se que a Directora Geral da OMS Margareth Chan começou hoje uma série de encontros e visitas com autoridades sanitárias. Ela deixa Luanda amanhã.

A VOA contactou a Directora Nacional de Saúde Pública, Adelaide de Carvalho, que não aceitou falar por enquanto sobre o assunto.

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