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Luís Sambo director-geral da OMS África cessa funções sob fortes críticas


Luís Sambo director-geral OMS Africa 2005-2014
Luís Sambo director-geral OMS Africa 2005-2014

A Organização Mundial de Saúde vai eleger um director regional para África, depois de perceber que a direcção de Luís Sambo, no cargo desde 2005, não conseguiu dar resposta para o maior surto de Ébola dos últimos anos.

O que para muitos críticos é uma decisão que já devia ter sido tomada, reforça a ideia da OMS África, liderada pelo angolano Luís Sambo, como a "mais fraca das agências de saúde das Nações Unidas".

Num relatório interno, obtido pela Associated Press, a OMS acusa a direcção regional de África de não ter feito o que devia na resposta ao Ébola, descrevendo os funcionários regionais como "politicamente motivados por uma agenda", além das numerosas queixas contra alguns funcionários na África ocidental.

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As direcções regionais da OMS não respondem à sede da organização, em Genebra, sendo largamente autónomas, característica que Luís Sambo, director-geral da OMS África, desde Fevereiro de 2005, não alterou, afirmando na altura que não faria "mudanças radicais" na estrutura.

OMS África justifica-se com falta de conhecimento sobre a doença

Técnicos de saúde na Guiné-Conacri
Técnicos de saúde na Guiné-Conacri

Para os analistas, a acção da OMS África falhou largamente na resposta ao surto do Ébola, cuja supervisão estava a cargo do angolano Luís Sambo, que negou todos os pedidos de entrevistas.

Dois mandatos depois, Sambo não poderá recandidatar-se e deixa o cargo envolto em duras críticas devido aquilo a que especialistas de saúde chamam de resposta lenta ao Ébola.

Num relatório sobre o que se aprendeu com o vírus do Ébola, a OMS África refere que a dificuldade em controlar o surto deveu-se "à falta de formação dos técnicos de saúde e ao pouco conhecimento da doença", sem referir, no entanto, detalhes do relatório interno escrito em Genebra que menciona, por exemplo, que os funcionários da OMS África não colaboraram na obtenção de vistos para que especialistas no vírus pudessem viajar para a Guiné-Conacri, "comprometendo assim a contenção do vírus".

Kelley Lee, da Escola de Ciências da Saúde, da Universidade Simon Fraser no Canadá, foi dura nas críticas: “Toda a gente sabe que quando se quer algo feito em África, a última instituição a que nos dirigimos é a OMS África”.

“A OMS África tem uma espécie de praga de profunda falta de transparência e muitos cargos de topo foram atribuídos por meio de favores”, acrescentou.

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O documento interno a que a AP teve acesso, reporta ainda que no início do surto a comunicação do escritório dirigido pelo director Luís Sambo não estava em sintonia com o escritório em Genebra e que a OMS África ignorou os vários alertas públicos de organizações como os Médicos Sem Fronteiras.

A directora da OMS, Margaret Chan, escusou-se contudo a críticas ao director geral cessante, afirmando que aguarda que o documento seja finalizado.

Especialistas dizem que a substituição de Sambo pouco mudará no que toca ao Ébola, porque neste momento as Nações Unidas já assumiram o controlo da situação, mas espera-se que o novo director, eleito esta semana no Benim, seja a chave para prevenção de desastres semelhantes no futuro.

Existem cinco candidatos a director geral da OMS África, entre os quais quatro são mulheres: Jean-Marie Okwo-Bele, médico congolês responsável pelo prograam de vacinação da OMS em Genebra, Fatoumata Nafo Traore do Mali, directora do programa contra a Malária - Roll Back Malaria, Dorothee Akoko, ministra da Saúde do Benim, Therese N'Dri Yoman, ex-ministra da Saúde da Costa do Marfim e Matshidiso Moeti que dirigiu o departamento de epidemiologia do Botswana.

Cerca de 5 mil pessoas morreram devido ao vírus do Ébola e mais de 13 mil foram infectadas. Libéria, Guiné-Conacri e Serra Leoa foram os países mais afectados.

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