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Embaixadora americana na ONU contestada por senadores republicanos


Embaixadora americana nas Nações unidas, Susan Rice, numa intervenção no Conselho de Segurança
Embaixadora americana nas Nações unidas, Susan Rice, numa intervenção no Conselho de Segurança

Licenciada por Stanford, doutorada por Oxford, com cargos superiores na Casa Branca e no Departamento de Estado, Susan Rice parece ser a escolha de Obama para substituir Hillary Clinton

A embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Susan Rice, é considerada a mais provável selecção do Presidente Barack Obama para substituir Hillary Clinton no cargo de secretária de Estado – posto equivalente a ministro, ou nesta caso ministra, dos Negócios Estrangeiros.

Mas um grupo de senadores promete bloquear a sua nomeação, segundo dizem, por causa de dúvidas relativas às suas declarações públicas após um ataque terrorista contra o consulado americano em Benghazi, na Líbia, a 11 de setembro passado.

Susan Rice é uma experiente especialista em assuntos internacionais. Licenciada em História, pela Universidade de Stanford, e doutorada em Relações Internacionais pela Universidade de Oxford, Rice habituou-se desde cedo a falar sobre o Mundo, com os pais, ligados à vida académica e política e com as visitas de casa dos pais – uma delas, mais tarde sua mentora, foi Madeleine Albright, professora universitária, e secretária de Estado da administração Clinton, tendo sido a primeira mulher a ocupar o cargo.

Três anos depois de concluir os estudos superiores, Susan Rice foi para a Casa Branca de Bill Clinton, trabalhar como directora para Organizações Internacionais e Missões de Paz. Dois anos mais tarde, passou para directora de Assuntos Africanos. E em 1997 foi promovida a sub-secretária de Estado para Assuntos Africanos.

Em 2002, Susan Rice saiu da política para se dedicar à vida académica mas em 2008 regressou como assessora de assuntos internacionais da campanha de Barack Obama. Com a eleição deste para a presidência, foi nomeada embaixadora nas Nações Unidas, confirmada no senado, por unanimidade.

Mas Rice também fez alguns inimigos. O seu temperamento, por vezes desabrido, levou-a a criticar asperamente colegas, a própria Hillary Clinton nas primárias de 2008, e alguns senadores. Agora que se fala da sua possível nomeação para secretária de Estado, um desses senadores, o republicano John McCain, é um dos principais adversários de Susan Rice.

Juntamente com os também republicanos Lindsey Graham e Kelly Ayotte, McCain formou um movimento de oposição a Rice como chefe da diplomacia americana por acreditar que ela mentiu, há dois meses, quando falou na televisão sobre as causas do atentado de 11 de Setembro passado contra o consulado americano em Benghazi, na Líbia.

Inicialmente considerava-se o como causa do ataque, a reacção a um filme amador depreciativo sobre o profeta Maomé, feito por um americano. Mais tarde, percebeu-se que fora um ataque organizado por terroristas.

Susan Rice defendeu, em entrevistas televisivas, a tese da reacção ao filme, que pouco depois seria descartada. McCain e os seus aliados disseram que Rice mentiu, dando aos americanos uma visão incorrecta dos acontecimentos para, em plena campanha eleitoral, defender a administração Obama de acusações de incompetência no combate ao terrorismo.

Esclareceu-se, entretanto, que as declarações de Rice foram baseadas em informação fornecida pelos serviços de inteligência e que, portanto, Rice não mentiu deliberadamente.

Para tentar resolver o assunto, Susan Rice marcou para hoje reuniões com os três senadores, mas não parece ter feito novos aliados. No final dos encontros um deles eles disse que, como embaixadora nas Nações Unidas, Rice deveria ter percebido que a informação que recebera não era da melhor qualidade. Outros manifestaram-se frustrados com o mau trabalho dos serviços de inteligência.

Lindsay Graham, assegurou que "este grupo" de três senadores vai bloquear a nomeação de Rice até estarem satisfeitos com os esclarecimentos sobre o que se pasou em Benghazi e a razão para as declarações públicas desencontradas sobre o assunto. "Neste momento, nem o básico temos", disse Graham.

Analistas democratas dizem que a oposição a Susan Rice não tem razão de ser e que os senadores têm motivações políticas e de vingança.

Susan Rice seria a segunda mulher negra a chefiar a diplomacia americana. A primeira foi Condoleezza Rice (apesar do nome não há parentesco entre as duas). Duas outras mulheres ocuparam o cargo: Madeleine Albright e, actualmente, Hillary Clinton que pretende aposentar-se em breve.
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