Três meses de salários em atraso podem paralisar as aulas no Instituto Nacional do Emprego e Formação Profissional (Inefop) em Benguela, com trabalhadores revoltados devido ao que chamam de regresso à crise dos ordenados.
O atraso, a afectar funcionários de todo o país, entre administrativos e técnicos, pode comprometer cursos técnicos como os de carpintaria, pedreira, serralharia, electricidade e informática.
“Neste caso, o povo angolano está a ser sugado até à micose do osso. Não há medicamentos nos hospitais, nem algodão, nem álcool. O que faz o Governo?’’, são excertos da revolta manifestada por um trabalhador do Inefop, adstrito ao Ministério da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social.
Este funcionário, que optou pelo anonimato, não acredita no discurso oficial mais ouvido desde o alcance da paz, em Abril de 2002.
“Ninguém combate a fome e a pobreza deixando funcionários com dois a três meses de salários em atraso. Estamos, na verdade, a aumentar esta fome e a pobreza’’, refere.
Com pais sem salários, sofrem as crianças.
A mesma fonte afirmou que “não temos o que quer, não temos o que dar às nossas crianças, e são elas que têm de dar dinheiro nas escolas, as chamadas comparticipações’’.
O chefe dos Serviços Provinciais do INEFOP, António Manuel Paulo, preferiu não prestar declarações.
Paulo limitou-se a informar que se trata de um problema técnico que afecta todas as províncias, cuja solução deve ser encontrada ainda esta semana.