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Governo de Moçambique vê indícios de crime nos corpos encontrados em Sofala


Corpos encontrados por camponeses perto da Gorongosa, em Sofala, Moçambique
Corpos encontrados por camponeses perto da Gorongosa, em Sofala, Moçambique

Ministro do Interior diz que, apesar do enterro dos corpos, as investigações continuam.

O Governo moçambicano anunciou nesta terça-feira, 17, que vai continuar as investigações sobre os cadáveres abandonados no centro do país, sem avançar qualquer detalhe das investigações feitas até agora.

À margem da cerimónia que marcou o Dia da Polícia da República de Moçambique, o ministro do Interior limitou-se a dizer que há vestígios de crime no caso de cadáveres descobertos ao abandono no centro do país.

“Por mais que o objecto do crime não pareça estar visível, existem manifestações criminosas. A polícia pode fazer falar aqueles elementos que podem nos conduzir ao esclarecimento deste crime”, disse Basílio Monteiro, quem garantiu que o enterro dos corpos feito pela polícia há 10 dias não significa o encerramento das investigações.

“O trabalho vai continuar e, na melhor ocasião, podemos ter mais informações sobre o caso”, concluiu o ministro do Interior.

O caso

A denúncia da existência de uma vala comum na zona 76, no posto administrativo de Canda, interior da Gorongosa, foi feita por camponeses a 27 de Abril à VOA e a outros meios de comunicação.

As mesmas fontes disseram que vários corpos, alguns já em ossadas, estavam estatelados numa antiga escavação a céu aberto, de onde se extraía saibro para as obras de reabilitação da N1, a principal estrada de Moçambique.

Na sexta-feira, 29, o porta-voz da Polícia da República de Moçambique (PRM) Inácio Dina afirmou ter enviado uma equipa ao local que não encontrou qualquer vala comum.

Dias depois, um grupo de quatro jornalistas deslocou-se ao local mas não conseguiu chegar à zona indicada pelos camponeses por estar bloqueada por forças da polícia e da segurança.

Entretanto, os repórteres encontraram e fotografaram cerca de 15 corpos já em decomposição nas imediações do local.

Uma equipa do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) também deslocou-se ao local e, de acordo como seu presidente Daviz Simango, não conseguiu chegar ao local devido à forte presença policial e militar.

Simango, que disse ter ficado chocado com as fotos, pediu uma investigação às denúncias.

A polícia reiterou não ter encontrado qualquer vala comum.

ONU quer investigar

No dia 4 de Maio o Escritório do Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos (Ohchr, em inglês) disse à VOA por email estar em contacto com as autoridades moçambicanas depois de ter recebido alegações sobre uma vala comum em Gorongosa.

“Temos, de facto, recebido alegações sobre uma vala comum na Gorongosa, no entanto, ainda não pudemos verificar essas alegações por falta de acesso ao local”, disse aquele órgão com sede em Genebra que solicitou o acesso à área onde foi denunciada a existência da vala comum.

A Liga Moçambicana dos Direitos Humanos (LMDH)exigiu, no passado dia 10 de Maio,a criação de uma comissão internacional de inquérito, liderada pelas Nações Unidas, para investigar as denúncias de valas comuns no país.

Até agora, não há notícias de nenhuma investigação a não ser a das autoridades oficiais.

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