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Governo de Angola adia entrada do grupo dos Países de Rendimento Médio


José Eduardo dos Santos
José Eduardo dos Santos

Executivo justifica decisão com preço do petróleo, oposição critica

O Executivo angolano desistiu da ideia de o país entrar para o grupo de países considerados pelas Nações Unidas como de Rendimento Médio (PRM).

O processo fica suspenso pelo menos até 2020 e, assim, Angola continua a fazer parte dos Países Menos Avançados (PMA).

O Governo justifica esta derrogação com a queda do preço do barril de petróleo no mercado internacional.

Enquanto a oposição diz que a justificação é infundada, o presidente da Associação Industrial de Angola considera coerente a medida.

Raul Danda,professor de economia e deputado pela Assembleia Nacional, considera que a queda do preço do barril de petróleo não justifica o que chamou de “gestão desastrosa do Executivo”.

Para o vice-presidente da UNITA, ainda que o preço do barril do petróleo suba, com a gestão do Governo do MPLA dificilmente “sairemos do grupo de países menos avançados”.

''O Governo tem que deixar de ser despesista e gastar dinheiro descontroladamente, abandonar orçamentos sem equilíbrio e falsos e olhar pra frente'', defendeu Danda.

Aquele responsável da UNITA diz que, apesar de se continuar a falar da diversificação da economia, “sectores como agricultura, pescas e indústria extrativa são vistos como se não fossem importantes, mas agora que quase não temos recursos para nada, há pessoas que usam o dinheiro público para compra o que quiser.

Por seu lado, o também economista e deputado pela CASA-CE Manuel Fernandes não acredita que com a gestão do Executivo nem agora nem em 2020 Angola conseguirá sair do grupo dos PMA.

''Só será possível termo outra classificação quando o cidadão que em Angola é considerado pobre tiver acesso a todas as refeições, no entanto, a maioria dos angolanos ainda vive com menos de três dólares dia, assim não se pode falar num país a caminho do rendimento médio, nós continuamos a ser uma economia atrasada'', disse Fernandes.

O deputado considera que o Executivo preocupa-se mais com a decoração em detrimento da qualidade de vida dos cidadãos.

Em conversa com a VOA, o presidente da Associação Industrial de Angola (AIA) José Severino, classifica a medida do Governo de acertada porque não há outra saída ante o actual preço do petróleo.

“A queda do preço do petróleo justifica a medida, não vejo outra alternativa para o Executivo nesta questão de observação internacional, o governo decidiu assim por poder contar com alguns fundos internacionais e ter uma margem de manobra maior no seu relacionamento com o FMI e o Banco Mundial”, justificou Severino.

O processo de entrada de Angola para o grupo dos Países de Rendimento Médio devia iniciar em 2017, mas agora só deverá acontecer em 2020.

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