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Autor de queixa contra Manuel Vicente impedido de sair de Angola por "represália"


Auto de apreensão dos passaportes entregue pelo SME a Adriano Parreira
Auto de apreensão dos passaportes entregue pelo SME a Adriano Parreira

Serviço de Migração e Estrangeiros confiscou passaportes de Adriano Parreira quando este se preparava para embarcar, num vôo para Madrid, na segunda-feira à noite

Adriano Parreira, o angolano na origem de um inquérito judicial, em Portugal, contra o vice-presidente de Angola, foi impedido de viajar para o estrangeiro. E disse à Voz da América (VOA) que se trata de uma "represália".

Quando se preparava para embarcar, no aeroporto 4 de Fevereiro, em Luanda, segunda-feira à noite, foram-lhe confiscados os passaportes angolano e português.

Adriano Parreira disse à VOA ter sido confrontado com um documento da Procuradoria-Geral angolana, que exigia a sua comparência na Direcção de Investigação Criminal.

Disse, ainda, que após lhe ter sido negada uma cópia desse documento a polícia fronteiriça lhe entregou um auto de apreensão dos passaportes. Parreira disse que se tratou de um acontecimento estranho, visto que não cometeu qualquer crime e que as autoridades – se queriam falar com ele – podiam tê-lo procurado na sua residência.

"Paera já, tudo é estranho", disse Parreira numa entrevista à VOA. "Se houvesse algum problema com a minha pessoa, notificavam-me", acrescentou referindo-se à Procuradoria-Geral angolana.

"Não há esclarecimento nenhum, o que é ilegal e contra a lei", relativamente ao facto de ser a polícia no aeroporto, em vez de ser a Procuradoria, a notificá-lo que devia apresentar-se nesta instituição judicial.

O professor universitário disse crer que a Procuradoria pretende falar com ele, devido ao seu papel na abertura de um inquérito pela Procuradora-geral da República portuguesa, "a negócios bastante esquisitos em Portugal", envolvendo o vice-presidente de Angola, Manuel Vicente, e outras figuras importantes do regime angolano.

Adriano Parreira disse ter solicitado "ao Ministério Público português que efectuasse uma averiguação para se concluísse se havia matéria para avançar com o processo. Foi isso que foi feito e foi isso que pedi".

Salientando que o "Ministério Público português já enviou uma carta rogatória" à sua congénere angolana, Parreira disse que agiu "no serntido de obter um esclarecimento ao público sobre um assunto que incomoda os angolanos, pois só se fala de corrupção".

Disse, ainda, que a documentação que apresentou para sustendar o pedido foi produzida, sobretudo, pelo actiovista aanti-corrupção Rafael Marques.

"Evidentemente que sim", respondeu quando inquirido sobre se estava a ser alvo de uma represália. "Isto é uma questão política, sem pés bem cabeça".

Adriano Parreira tenciona apresentar-se na Procuradoria-Geral da República, esta quarta-feira de manhã, para responder às perguntas que lhe quiserem fazer e tentar reaver os seus passaportes que, insiste, lhe foram apreendidos ilegalmente.

Goraram-se as tentativas da VOA para esclarecer o sucedido junto das autoridades angolanas.
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