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Espionagem: Depois da Alemanha e da França, a Espanha convoca o embaixador americano


Embaixador americano, James Costos no momento que abandona o ministério dos negócios estrangeiros da Espanha, depois de sua convocação pelo governo espanhol.
Embaixador americano, James Costos no momento que abandona o ministério dos negócios estrangeiros da Espanha, depois de sua convocação pelo governo espanhol.

Revelações de que a Agencia Nacional de Segurança Americana (NSA) espiou líderes de países aliados de Washington continuam a perturbar as relações entre a administração americana e os governos visados.

O governo de Espanha convocou hoje, o embaixador americano James Costos para dar explicações em torno de revelações segundo as quais os Estados Unidos levaram a cabo mais de 60 milhões de escutas telefónicas no território espanhol no espaço de um mês.

Dois jornais espanhóis, o El Mundo e El País, reportaram esta Segunda-feira que a Agencia Nacional de Segurança dos Estados Unidos, monitorou clandestinamente as chamadas telefónicas de 10 de Dezembro passado a 8 de Janeiro deste ano. As notícias referem que a NSA recolheu os números das chamadas e suas durações, e não os seus conteúdos.

O jornal El Mundo indica que esta acção de vigilância incluiu também o acesso as informações pessoais através de correios electrónicos, redes sociais como Facebook e Twitter, e de acesso aos portais visitados.

Essas notícias foram baseadas numa série de documentos revelados pelo antigo técnico da NSA, Edward Snowden, fugitivo americano refugiado na Rússia.

As revelações segundo as quais a Agencia Nacional de Segurança Americana – NSA – espiou os países aliados dos Estados Unidos e inclusive teve sob escuta o telefone da chanceler alemã Angela Merkel, perturbou os principais países amigos de Washington.

A chanceler alemã disse que a confiança entre o seu país e o seu mais próximo aliado, Estados Unidos da América, devia ser reconstruida.

“A confiança precisa de ser reconstruida. Isso implica que a confiança foi severamente abalada, e os membros do Conselho Europeu partilham essas mesmas preocupações.”

Merkel acrescenta que alguns responsáveis alemães desejam que seja protelada as conversações comerciais com Washington.

O presidente francês, François Hollande também deu voz as críticas sobre a acção da NSA recolher registos de conversas telefónicas e de correios electrónicos.

“Existem alguns comportamentos e práticas que não podem ser aceites. Então a França e a Alemanha vão tomar uma iniciativa. Vamos começar a discutir a questão com os americanos com vista a chegarmos a uma base de acordo. E isso está pronto até ao final do ano.”

Não são apenas os líderes europeus que criticam a alegada espionagem do governo americano. O antigo técnico da NSA, Edward Snowden revelou documentos secretos que mostram que os telemóveis de mais de 35 líderes no mundo estavam sob escuta da agência de segurança americana.

A presidente do Brasil, Dilma Roussef cancelou a sua visita de Estado a Washington e condenou a acção dos Estados Unidos num discurso nas Nações Unidas em Setembro.

“A segurança de qualquer cidadão de um país não deve ser garantida violando os direitos humanos e cívicos que são fundamentais de cidadãos de um outro país.”

O Brasil também anunciou que estava a preparar em conjunto com outros países uma proposta de resolução a ser apresentada a Assembleia Geral das Nações Unidas sobre a garantia de privacidade em comunicações electrónicas.

Vários países espiam outros, mas as recentes revelações não têm precedentes. Isso mesmo disse Scheherazade Rehman, directora do Centro União Europeia da Universidade George Washington.

“Esses tipos de coisas que estão a acontecer entre os países, e que têm aparecido nas primeiras páginas é algo que ofende a maioria de países, penso eu.”

Rehman não prevê um longo arrefecimento nas relações entre os Estados Unidos e os seus aliados, mas adianta que a NSA precisa de mudar alguns dos seus procedimentos.
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