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Eleitorado brasileiro está pouco motivado


A presidente Dilma Rousseff durante o debate televisivo de 26 de Agosto
A presidente Dilma Rousseff durante o debate televisivo de 26 de Agosto

Nas ruas o que se vê está longe de ser um clima de euforia.

As eleições deste ano no Brasil evidenciam a crise que atinge a democracia representativa no país. A falta de envolvimento do brasileiro na escolha do próximo dia 5, de presidente, governadores, senadores e deputados - é nítida.

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Nas ruas, o que se vê está longe de ser o clima de euforia que deveria marcar a eleição, por voto direto, de governantes.

Uma pesquisa feita este ano, pela CNT (Confederação Nacional do Transporte), mostrou que o percentual de brasileiros que diz ter interesse zero na eleição chega a 32,7%. Praticamente metade do eleitorado (46%) afirma ter "nenhum interesse" pela propaganda política na televisão, de acordo com o instituto Datafolha. Outros 33% dizem que têm "pouco" interesse.

Nas ruas, o material de divulgação dos candidatos só gera polémica em torno da poluição visual e não da eleição em si. Os debates televisivos também, que já foram seguidos pelos brasileiros, agora são bem mais deixados de lado e criticados.

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Para Daniel Machado, especialista em marketing político pela Universidade de São Paulo (USP), a crise verificada hoje em vários países do mundo é evidente no Brasil. "O eleitor está distante, desacreditado, desanimado de participar. O eleitor não vê razão para se manifestar. O pouco que se vê é a militância paga, a militância tradicional dos partidos. Essa crise da democracia representativa é muito latente porque o processo político na América Latina se mostra muito personalista. O personalismo distancia a representação partidária".

A prova do distanciamento do brasileiro hoje do processo político é a baixa participação dos jovens, alerta o cientista. "Quantos jovens entram na política hoje? A juventude partidária parece um teatro. Eu vejo a juventude do PSDB, do PT, do PSB e são pessoas novas, com bandeiras levantadas fazendo um grito de guerra. Eu acho que é um teatro”.

Daniel Machado lembra que há, entre os brasileiros, uma falta de crença quase generalizada nos governantes e no trabalho deles. "O brasileiro se sente, além de afastado do processo político, lesado na questão de cobrança de impostos, por exemplo, por não ter os serviços. Hoje também, os valores da honestidade, da ética e do compromisso ficaram distantes. Para que eu vou votar? Para que eu vou escolher? O que eu vou ganhar com isso".

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A falta de envolvimento do brasileiro com a política gera fenómenos como o “do vota contra”. "Nós vamos votar em alguém ou contra um projecto. Já tem sido um estilo de voto do brasileiro, há um tempo, as pessoas votarem contra. E é muito triste. É porque as pessoas não se sentem representadas. Isso é preocupante," conclui Daniel Machado.

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