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Comissão do Congresso americano debate violência policial no Brasil


Preocupação aumenta a 57 dias do início das Olimpíadas.

A Comissão de Direitos Humanos Tom Lantos do Congresso americano realiza nesta quarta-feira, 9, em Washington, um debate sobre a violência policial no Brasil e como os Estados Unidos podem ajudar as autoridades brasileiras a reduzir essa violência.

O encontro ocorre depois de a Amnistia Internacional ter publicado a 21 de Junho um relatório em que denunciou o abuso das forças de segurança e violações de direitos humanos no Brasil, em particular no Rio de Janeiro, onde a 5 de Agosto começam os Jogos Olímpicos.

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Na ocasião, aquela organização de defesa dos direitos humanos lançou a campanha “A violência não faz parte desse jogo”, com vista a advertir e prevenir que esses abusos aumentem durante o maior evento desportivo de 2016.

O relatório revelou, por exemplo, que só em 2014, ano da Copa do Mundo, operações policiais realizadas no Estado do Rio de Janeiro resultaram em 580 mortes.

O número foi 39,5 por cento maior do que o de 2013, quando 416 pessoas morreram em decorrência de acções da polícia.

A maior parte das vítimas é constituída por jovens negros e por outras minorias marginalizadas, principalmente nas favelas do Rio de Janeiro e do país.

A 57 dias do início dos Jogos Olímpicos, a Comissão dos Direitos Humanos Tom Lantos, do Congresso americano diz estar preocupada com o facto de os Estados Unidos estarem prestes a fornecer ajuda à polícia brasileira que, no entanto, tem feito execuções extrajudiciais sem que os seus autores sejam responsabilizados.

Cooperação policial e políticas públicas

Um dos oradores no encontro de hoje é Paulo Sotero, director do Instituto Brasil, ligado do Wilson Center, com sede em Washington, que vê com bons olhos o debate e a necessidade de cooperação entre os dois países, porque ambos vivem uma forte violência policial.

“Há espaço para a cooperação policial e judicial e acredito que este debate vai permitir ao Congresso avançar com o seu apoio a um estreitar de relações entre os dois países”, disse Sotero que, na conversa com a VOA, apontou o dedo ao facto de as minorias serem os principais alvos da violência policial.

“Isto acontece porque há uma ausência de políticas públicas, os poderes decidiram fazer outra coisa em vez de trabalhar no sentido de eliminar ou pelo menos reduzir as causas dessa violência, a começar pelo treinamento dos policiais”, afirmou o director do Instituto Brasil.

Apesar de dizer não estar preocupado “com a imagem do Brasil durante os Jogos Olímpicos porque esta é a realidade do Brasil” e que o país não foi obrigado a acolher o evento, Sotero é de opinião que "não será uma festa" como se chegou a pensar em 2007, aquando da candidatura do Rio de Janeiro.

“Os responsáveis não fizeram o que devia ser feito desde então, quanto tudo apontava para que houvesse condições, que depois viu-se que não existiam”, acusou Sotero, que destaca o momento em que os jogos vão acontecer: “o país está numa profunda crise por culpa do Governo, do Congresso e de empresários privados que decidiram assaltar a maior empresa pública do país, a Petrobras”.

Na reunião de hoje, participam congressistas, especialistas em segurança e responsáveis da Amnistia Internacional.

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