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CASA-CE acusa Governo de comprar e entregar autocarros a militantes em Benguela


Província angolana enfrenta grave crise de transportes públicos.

A CASA-CE, na oposição em Angola, critica a aquisição de autocarros para transporte de passageiros e mercadorias no valor de 192 milhões de dólares oferecidos a membros do MPLA pelo Governo.

Benguela, província que se preparava para relançar a rede de transportes públicos colectivos, serviu de exemplo para a observação crítica do partido liderado por Abel Chivukuvuku.

Em 2008, no calor das segundas eleições legislativas, operadores privados receberam 220 autocarros, os chamados ‘’amarelinhos’’, que estiveram paralisados até serem definidas as rotas, em Junho do ano seguinte.

Na verdade, a maior parte continua encostada em parques, estando as autoridades locais à espera de alguns dos 1272 autocarros cuja compra foi autorizada pelo Presidente da República.

Os meios inoperantes, conforme indicam as informações disponíveis, chegaram já com vários quilómetros de estrada, acabando estacionados por falta de manutenção e acessórios.

Num país com o salário médio a rondar os 40 mil kwanzas, pouco mais de 200 dólares, surgem queixas de populares que acompanharam as promessas de há oito anos.

“É um grande problema, não há transportes públicos, por isso somos obrigados a apanhar os vulgos candongueiros. Quase 30 por cento dos nossos salários ficam nos transportes’’, lamenta.

O desabafo, a coberto de um anonimato próprio de quem teme represálias, é do professor que sai de Benguela à comuna do Dombe Grande.

Mas quem procura chegar a um município do interior ou a uma outra província também manifesta alguma preocupação.

“Vou ao Cubal (140 quilómetros de Benguela), pago 1.200 kwanzas’’, diz uma senhora, à espera de transporte ao lado de um adolescente que reclama os 3.000 mil que desembolsa para chegar à província da Huíla.

Perante esta realidade, o secretário da CASA-CE em Benguela, Francisco Viena, vai a fundo da questão.

“Benguela, fundamentalmente, é uma província que recebeu muitos meios, mas, como todos sabem, foram entregues a membros do partido no poder. Estes autocarros não estão ao serviço das nossas crianças, não estão ao serviço da população. Portanto, estamos diante de mais uma promessa sem efeitos, que vai implicar gastos desnecessários’’, acusa Viena.

Recorde-se que em 2015, aquando da tomada de posse, o director dos Transportes, António Ricardo, anunciou a chegada de novos meios, assinalando que o relançamento dos transportes públicos faz parte de um projecto que prevê a articulação entre os sistemas rodoviário, ferroviário, aéreo e marítimo.

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