Peritos de três países que integravam a missão de observadores internacionais do cessar-fogo em Moçambique abandonaram o país, traduzindo algum cansaço com a falta de progressos nas negociações entre o Governo moçambicano e a Renamo e uma forma de pressão sobre as partes a chegarem urgentemente a um entendimento.
Tratam-se de peritos do Reino Unido, Itália e Botswana, cuja vinda a Moçambique havia sido exigida pela Renamo, para observar a integração dos seus combatentes nas forças armadas e na polícia moçambicanas.
Para o analista Francisco Matsinhe, este abandono significa que os observadores internacionais estão cansados, realçando que "estão em Moçambique há aproximadamente quatro meses, e até agora não houve progressos absolutamente nenhuns".
De acordo com o analista, é preciso desbloquear esta questão "e talvez eu possa dar maiores responsabilidades por isso ao Governo, exactamente porque está a governar".
Por seu turno, o jornalista Paul Fauvet diz que o sentimento de frustração foi-lhe transmitido por alguns observadores, sobretudo europeus.
"A segunda vez que eu falei com um dos observadores estrangeiros, ele disse-me que a equipa internacional estava completamente frustrada por não poder fazer o seu trabalho, pelo facto de a Renamo não entregar as listas dos seus homens a serem integrados nas Forças Armadas de Defesa de Moçambique e na Polícia", afirmou Fauvet.
Refira-se que permanecem em Moçambique peritos militares da África do Sul, Zimbabwe, Quénia e Cabo Verde, havendo informações de que oficiais portugueses manifestaram a intenção de abandonar o país.
Recorde-se que o Governo e a Renamo acordaram alargar por mais 60 dias o mandato da missão, cuja primeira fase custou aos cofres do Estado moçambicano cerca de 540 milhões de meticais.