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Epidemia de zika pode afectar África Ocidental, afirma especialista americano


Mosquito Aedes aegypti transmissor do vírus zika
Mosquito Aedes aegypti transmissor do vírus zika

Especialista afirma que o caso de microcefalia em Cabo Verde pode ser de mau agoiro para a África Ocidental.

Um especialista americano em doenças infectocontagiosas lançou um alerta para a possibilidade de uma epidemia do vírus zika na África Ocidental, precisamente nos países que se debateram com um surto do vírus Ébola durante os últimos dois anos. Segundo ele é essencial encetar esforços para travar o zika e impedir uma nova e devastadora crise sanitária no continente.

Na semana passada nasceu em Cabo Verde um bebé com microcefalia, um problema neurológico possivelmente associado ao zika e que se traduz por um crânio e cérebro de dimensões reduzidas.

Testes estão ainda em curso para apurar se aquele defeito foi causado pelo zika, um vírus transmitido por mosquitos.

No Brasil, verifica-se uma epidemia de zika a e dezenas de mulheres grávidas que foram infectadas deram à luz crianças com microcefalia.

Daniel Lucey, um especialista em doenças infectocontagiosas na Universidade de Georgetown aqui em Washington, afirma que o caso de microcefalia em Cabo Verde pode ser de mau agoiro para a África Ocidental. Segundo ele são urgentes medidas preventivas:

“Se tivéssemos a hipótese de impedir que isso aconteça na África Ocidental e noutras partes do continente, não seria de aproveitá-las? E agora é a altura de fazê-lo. Agora temos a oportunidade de intervir contra o vírus zika e futuras epidemias de microcefalia noutras zonas da África Ocidental para além de Cabo Verde.”

Lucey defende a realização exaustiva de testes genéticos em casos onde se suspeite de zika especialmente entre as mulheres grávidas.

Segundo ele devem iniciar-se de imediato amplas medidas de controlo do mosquito Aedes aegypti que transmite o zika. Entre elas inclui-se a destruição de larvas com insecticidas e a limitação da exposição à picada dos mosquitos encorajando as pessoas a permanecerem dentro de casa durante o dia e a usarem vestuários cobrindo todo o corpo no exterior.

Lucey está particularmente preocupado com o impacto do zika na Serra Leoa, Guiné-Conacri e Libéria, os países onde se verificou o epicentro da epidemia de Ébola.

Os sintomas de zika, que são relativamente suaves, podem ser erradamente diagnosticados como os primeiros indícios de Ébola e isso pesará muitíssimo nos serviços sanitários locais que têm que determinar exactamente com que doença se deparam.

O cientista americano lançou o alerta num artigo publicado na revista Health Security.

A Organização Mundial da Saúde, a OMS, está a tomar em consideração métodos experimentais para controlar os mosquitos incluindo a disseminação de mosquitos estéreis que por sua vez vão cruzar-se com outros mosquitos esterilizando-os também. Estão também a pensar em libertar enxames de mosquitos Aedes aegypti infectados coma bactéria wolbachia. Lucey explica porquê:

“A ideia é a de que os mosquitos infectados com a wolbachia têm muito menos propensão a serem infectados pelo zika e portanto não serão capazes de transmitir o vírus aos seres humanos.”

Entretanto aqui nos Estados Unidos, o Centro de Pesquisa da Atmosfera levou a cabo um estudo concluindo que o aquecimento do clima nos Estados Unidos poderá atrair mais mosquitos Aedes aegypti colocando 50 cidades americanas debaixo da ameaça do zika.

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