Links de Acesso

Bombas secas no maior produtor de petróleo de África


Foto de arquivo
Foto de arquivo

O país não tem refinarias à altura e o governo tem uma dívida com os importadores de combustível

Nigéria, o país que mais petróleo extrai em África, teve na semana passada insuficiência de combustível para abastecer geradores, viaturas e aviões.

please wait

No media source currently available

0:00 0:02:50 0:00
Faça o Download

A situação paralisou o país: Os geradores que alimentam a Nigéria ficaram secos e as empresas deixaram de funcionar. As companhias de telecomunicações limitaram serviços. As companhias aéreas cancelaram voos. Os bancos fechavam mais cedo. A crise foi à escala nacional.

Na cidade nortenha de Kaduna, Abdullahi Musa preferiu fechar o seu internet café do que ficar horas a fio na fila de combustível.

“Comprar combustível é difícil, gerir o negócio é difícil, alimentar a família é difícil. Creio que não faz sentido continuar a fazer um negócio que faz perder dinheiro toda a hora por causa da falta de energia,” disse Musa.

Outro negociante que anda por todo o país, Ismail Onipilo, disse que única forma de conseguir combustível é pagando preços exorbitantes e com alguma sorte.

Em Ibadan, disse o negociante, nalgumas estações de serviço o preço chegou a atingir 350 nairas. O preço que Onilipo refere é equivalente a $1,75 e é baixo comparado ao praticado em muitos países, mas é alto na Nigéria, onde o combustível é subsidiado.

Mas a questão não é necessariamente a falta de petróleo na Nigéria. O pais produz cerca de dois milhões de barris de petróleo bruto por dia, mas para abastecer viaturas precisa de ser refinado. Sem refinarias à altura, o país importa os produtos refinados. O governo paga subsídios para manter os preços estáveis.

E ai reside o problema. As associações e uniões envolvidas na importação de combustível dizem que o governo deve lhes cerca de um bilhão de dólares. Entraram em greve.

Para o analista económico Chuba Ezekwesili não surpreende que isso aconteça dias antes da tomada de posse de Muhammadu Buhari, o presidente eleito.

“Eles acham que a divida é com o actual governo. Creio que receiam que com o novo governo não há garantia de pagamento da divida,” contou Ezekwesili.

A falta de combustível realça as fragilidades da maior economia Africa. Além do sector de combustível, a Nigeria tem uma banca forte, uma vibrante indústria cinematográfica e musical. Mas tal como diz Ezekwesili sem energia continuará vulnerável à situações como a vivida na semana passada e originou a subida de preços de tudo.

Além dos vendedores de combustível, os funcionários públicos dos 36 estados da Nigéria dizem quem ainda não foram pagos. Outro problema que Buhari terá gerir após a sua tomada de posse esta sexta-feira.

XS
SM
MD
LG