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Aumentam raptos em Luanda


Luanda, Angola
Luanda, Angola

Crise económica, corrupção e falta de investigação facilitam o "negócio".

Não há números oficiais exactos, mas as autoridades angolanas dizem que desde que os raptos começaram em Luanda, nomeadamente a partir do final do ano passado, regista-se uma média de dois casos por mês.

Os estrangeiros são os primeiros visados.

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Até agora, cinco cidadãos chineses, três portugueses, um francês, um árabe e um cidadão da Guiné Conacry foram as vítimas conhecidas.

O jurista Pedro Kaparacata diz que os maiores mafiosos neste tipo de crimes são os chineses e quem cooperar com a China arrisca-se a ter experiências do tipo no seu país.

O advogado duvida que estes crimes possam ser combatidos entre nós e explica por quê.

“Como combater crimes praticados por indivíduos afectos a empresas de segurança se estas empresas pertencem às mesmas pessoas com a incumbência de combater crimes? Como combater os raptos de cidadãos estrangeiros se dentro destas gangues organizadas encontramos pessoas com função de combater o crime? Todos os crimes espectaculares que acontecem em Angola têm o envolvimento directo e indirecto de efectivos das FAA e da policia nacional”, denuncia Kaparacata, adiantando ainda que “se aprofundarmos ainda mais vamos descobrir outras pessoas''.

Outro jurista, Ângelo Kapuacha, aponta a falta de mecanismos oficiais para integrar estrangeiros em Angola nos mais variados domínios como razão para a prática destes crimes.

Para Kapuacha não há investigação idónea em Angola por culpa da corrupção.

''Os raptos geralmente não são suficientemente investigados devido ao excesso de corrupção da nossa polícia que não consegue conduzir uma investigação idónea e são os estrangeiros que têm mais facilidade para corromper agentes policiais e abortar as investigações do que noutra vertente'', aponta aquele jurista.

Entretanto, há também factores sociológicos e antropológicos.

O sociólogo Lukombo Zatuzola diz que a situação que se vive em Angola, de desemprego, subida galopante dos preços, aumento do custo de vida e marginalização dos angolanos, por exemplo, fazem com que “o estrangeiro seja visto como bode expiatório”, sendo acusado inocentemente de ser o culpado por essas dificuldades.

“E são atacados”, conclui Zatuola.

Recorde-se que fruto destes raptos de cidadãos estrangeiros algumas missões diplomáticas no país, como a dos Estados Unidos e de França, recomendaram medidas de restrições de circulação aos seus cidadãos em alguns locais de aglomeração de pessoas.

Entretanto, o Procurador Geral da República João Maria de Sousa garantiu não haver motivos para sobressaltos, apesar dos receios existentes.

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