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Angola: Presidente Admite Problemas de Segurança em Cabinda


Angola: Presidente Admite Problemas de Segurança em Cabinda
Angola: Presidente Admite Problemas de Segurança em Cabinda

José Eduardo dos Santos responsabiliza “influências externas” pela instabilidade no enclave cabindês.

O presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, admitiu hoje que há um problema de segurança em Cabinda. Fê-lo no discurso sobre o Estado da Nação perante a Assembleia Nacional.

O discurso é requerido pela nova Constituição angolana e, nele, o presidente aparentemente afastou-se da linha oficial anterior, mantida há anos, e que considerava Cabinda um problema resolvido.

O governo angolano afirma há vários anos que a província está pacificada, baseando-se no memorando de entendimento de 2006 .

Esse acordo entre o governo central e representantes do enclave, destinou-se a neutralizar os separatistas da FLEC, integrar os cabindas no Forum Cabindês para o Diálogo, acelerar o desenvolvimento da província e integrá-la em pleno na restante sociedade angolana.

Mas a dissidência política e as actividades da FLEC não pararam. No seu discurso, José Eduardo dos Santos denunciou e citamos, “o apoio externo a forças que ainda procuram desestabilizar o clima de paz existente, que acontece em especial na província de Cabinda, e prejudica os esforços que o Executivo continua a fazer” para estabilizar a província.

O presidente atribuiu a “influências externas”, sem as especificar, as dificuldades na concretização, citamos de novo, das “tarefas inacabadas do memorando de entendimento para a paz que levem a bom porto a cessação das hostilidades nesta parcela do território nacional”.

Samakuva: Problema de Cabinda não está resolvido

Para o líder da UNITA, Isaías Samakuva, a constatação presidencial de sobre Cabinda, só peca por ser tardia. Samakuva disse à VOA que o problema não se resolveu como o governo esperava e que este não ouve opiniões e propostas de soluções diferentes das suas.

Padre Congo: Instabilidade em Cabinda é culpa dos militares

O activista cabindês Pe. Jorge Casimiro Congo, afirma que a instabilidade em Cabinda é da responsabilidade de militares próximos do Presidente. “Se nos querem sempre reduzir a simples homens isto não vai à frente. É Angola que nos força a ser angolanos e não nós cabindas que pedimos para ser angolanos. É preciso um terreno de compreensão e diálogo”, disse.

Reginaldo Silva: Presidente deixa porta aberta a novo diálogo

O analista político e editor do blogue “Morro da Maianga” afirma que as declarações de José Eduardo dos Santos deixam antever a possibilidade de uma nova etapa para solucionar, em definitivo, o problema de Cabinda com a reabertura de negociações. Segundo ele ficam abertas as portas ao aprofundamento do diálogo entre angolanos e cabindas.

José Eduardo dos Santos considera Angola um país estável mas que, para além de Cabinda, enfrenta “ameaças e riscos” nomeadamente o conflito na República Democrática do Congo, que “pela proximidade das fronteiras, pode facilmente afectar ou ter consequências no território angolano”.

José Eduardo dos Santos: Desempenho económico “excepcional”

No discurso, José Eduardo dos Santos elogiou a actividade do governo nos oitos desde a morte de Jonas Savimbi e o consequente fim da guerra civil.

Lembrou que o estado de guerra em Angola, entre 1961 e 2002, deixou centenas de campos minados, e destruiu estações de tratamento e captação de água, linhas de energia, barragens e subestações. Em 2002, lembrou o Presidente, grande parte das cidades ainda apresentavam a cicatrizes dos bombardeamentos e dos cercos militares. Apesar disso, afirma que o país se mobilizou e que a situação mudou.

Citou como exemplos progressos na saúde, destacando que a esperança de vida subiu de 44 anos em 2002 para 47 em 2008; que a taxa de mortalidade infantil diminui 60 por cento em oito anos; e a diminuição da mortalidade materna para metade.

No plano económico considerou ”um facto indesmentível que o país registou um progresso notável na reconstrução e reorganização da sua economia com um crescimento económico dos mais elevados do mundo desde que foi alcançada a paz”.

O Presidente angolano descreveu como “excepcional” o desempenho da economia, e disse o crescimento do PIB não petrolífero é um bom indicador do sucesso da diversificação da economia angolana.

Mesmo assim, o peso do petróleo ainda é considerável. O José Eduardo dos Santos salientou que a queda do seu preço nos mercados internacionais suscitou uma crise que fez cair o ritmo de crescimento da economia angolana.

Apesar disso mantém objectivos ambiciosos, afirmando: “Continuamos empenhados em manter o país no rumo certo e em dar satisfação às necessidades dos cidadãos. Espero que os indicadores que acabo de referir sejam levados em consideração na hora de se fazer uma avaliação actualizada e honesta no desempenho do Executivo”.

Samakuva: Discurso sem novidades

O discurso presidencial foi criticado pelo líder do maior partido da oposição. Isaías Samakuva disse à VOA que o discurso não teve “nada de novo”. O que o presidente “disse à nação hoje é a mesma história que tem sido cantada durante os últimos anos”. Samakuva considera que o desempenho económico não foi acompanhado pela distribuição equitativa da riqueza nacional.

Reginaldo Silva: Desempenho do Presidente pode ser questionado

Por sua vez o analista político Reginaldo Silva, que é também editor do blogue “Morro da Maianga”, esperava mais do Presidente José Eduardo dos Santos. Descreveu como “preocupante” a utilização de estatísticas sobre a situação social do país “com base em levantamentos que não parecem suficientemente abrangentes para se avaliar o real estado da nação”, que disse, “em termos sociais é preocupante”.

O presidente angolano dirigiu-se também, ao exterior, afirmando que o desempenho pós-guerra de Angola no pós-guerra é a resposta àqueles que pretendem denegrir o país e os seus dirigentes.

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