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Refinarias ilegais: Uma nova maldição do petróleo no Delta do Níger


Companhias petrolíferas acusam os ladrões de petróleo e as refinarias ilegais de responsáveis pelos danos ambientais no Delta do Níger
Companhias petrolíferas acusam os ladrões de petróleo e as refinarias ilegais de responsáveis pelos danos ambientais no Delta do Níger

Roubo e refinarias ilegais de petróleo é um novo dilema da indústria petrolífera no sul da Nigéria

Nigéria e roubo de petróleo no Delta do Níger

Na Nigéria, durante os últimos cinco meses, as forças de segurança desmantelaram cerca de novecentas refinarias ilegais de petróleo mas a população local diz que não vai abandonar.

As companhias petrolíferas e o governo queixam-se de perdas de mais de mil milhões de dólares por mês resultantes do roubo de petróleo. Os prevaricadores dizem por sua vez que o petróleo pertence a todos os nigerianos e é o único meio de sobrevivência de que dispõem.

Tudo terá começado assim: anos atrás Emmanuel um produtor de vinho da palma, conseguiu adaptar a sua técnica de produção de vinho a algo mais rentável – refinar pequenas quantidades de resíduos de petróleo, através de tambores aquecidos em fogo de lenha.

Desde então Emmanuel foi obtendo petróleo roubado com a ajuda de seus “rapazes” e durante anos tem partilhado o segredo com amigos.

Nos últimos dois anos as milícias do Delta do Níger declararam o cessar-fogo, mas o roubo de petróleo – conhecido localmente como bunker, um termo ligado a exploração do carvão – ganhou projecção. Alguns rios e enseadas tornaram-se num virtual mercado negro de petróleo e auto-estradas de combustíveis.

Mulheres e crianças dirigem canoas cheias de bidões de petróleo para serem vendidos nos mercados. Miúdos adolescentes manobram grandes barcos de madeira entre as refinarias, carregadas de petróleo roubado.

Muitos dos donos dessas refinarias à beira-rio não gostam quando são questionados sobre a proveniência do petróleo que usam. Respondem dizendo que se o governo os tivesse dado emprego, não teriam dedicado a um tal negócio.

“Nós apenas consideramos isto de ofensa. Mas não problemas. Se o governo federal instalasse aqui as empresas ninguém estaria fazendo isso. É um trabalho sujo, de uma maneira ou outra.”

Toda a gente na comunidade beneficia do negócio e muitos dos residentes não têm outras opções. Mesmo os agentes de segurança fazem parte do esquema.

O Tenente Coronel Onyema Nwachukwu é porta-voz da força conjunta no Delta do Níger, e diz que só aqueles que desejam o falhanço da instituição militar é que os acusa de participar numa indústria que têm por missão a combater.

“Acredito que aqueles que estão a fazer tais insinuações são os detractores da força conjunta. Existem aqueles que estão furiosos com o sucesso das nossas operações. E quando aplicamos um golpe nessas actividades ilícitas eles reagem.”

Em Janeiro deste ano a força conjunta mudou de acção passando a proteger a indústria petrolífera em vez de combater as milícias.

A região do Delta do Níger está também a viver da incerteza causada pelo derrame do petróleo. Os pescadores queixam-se da decadência da pescaria, que as crianças estão doentes e da falta de ajudas.

As companhias petrolíferas e o governo nigeriano, afirmam contudo, que a exploração do carvão e as refinarias ilegais são responsáveis por mais de metade dos derrames de petróleo, e estão complicam os esforços para atribuir às empresas as responsabilidades pela destruição ambiental.

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