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Islamistas no norte do Mali aliam caridade e punição


Membros de uma delegação de Ansar Dine enviados para negociações no Burkina Faso na semana passada
Membros de uma delegação de Ansar Dine enviados para negociações no Burkina Faso na semana passada

Residentes de Gao estão consternados com controlo do grupo militante Ansar Dine que os obriga à sujeição

Islamistas dão pão e purada no norte do Mali

Numa altura em que os líderes religiosos estão reunidos no norte do Mali para debater o islão, residentes afirmam que milícias islâmicas que controlam actualmente partes da região estão a tentar conquistá-los com actos de caridade e de castigo.

Esses grupos levaram a cabo uma série de castigos corporais que dizem defender a religião, ao mesmo tempo que distribuem dinheiro e outras ofertas.

O islão esteve debaixo dos holofotes esta semana com a tradicional reunião na cidade de Kidal de líderes religiosos e outros membros da sociedade civil. A população local e os líderes religiosos rejeitaram a posição do Grupo Islâmico Tuaregue Ansar Dine, que deseja instaurar uma rigorosa interpretação da lei islâmica em todo o Mali.

Os malianos mostraram-se chocados quando na semana passada o mesmo grupo puniu à chicotada numa praça pública de Timboktu, um casal aparentemente por terem tido relações sexuais antes de casamento.

Os castigados que foram transportados para o hospital depois de receberem os 100 açoites cada, acabaram por se casar dois dias mais tarde. Os membros do grupo Ansar Dine deu-lhes dinheiro e uma cabra para a festa, contaram os residentes.

Outros relatos de residentes em Timbuktu afirmam que ultimamente um velho foi açoitado por ter sido apanhado na posse de cigarros, e uma mulher teve igual sorte por vender comida sem cobrir a cabeça com o véu.

Ao mesmo tempo o grupo Ansar Dine tem confiscado o abastecimento alimentar enviado à região, usando-o em troca de favores ou de sujeição. O grupo até distribui doces para as crianças, contam os residentes de Gao.

O Grupo Ansar Dine no norte do Mali é descrito como tendo ligações com redes terroristas. Um outro grupo que tem actuado da mesma maneira é o Movimento para Unidade e Jihad na África Ocidental – MUJAO.

Este último é composto por estrangeiros, e assumiu o controlo de algumas áreas da cidade de Gao e está igualmente tentando obter reconhecimento popular, afirmam os residentes da cidade.

Um homem falando a partide Gao diz lamentar que jovens locais se tenham juntado ao MUJAO, mas afirma que é meramente por razões de sobrevivência e não ideológica. Os jovens que se juntaram ao grupo receberam dinheiro. Ele concluiu dizendo que, a MUJAO tem também apelado as comunidades para que trabalhem em vez de pedir esmolas.

Os residentes de Gao afirmam que ninguém deve ser intrujado pela MUJAO na sua devoção pelo Islão. “Eles são terroristas que vivem do rapto e de tráfico de drogas, e não têm nada a dizer a população sobre o Islão” rematou um dos residentes.

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