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Africa do Sul revê os feriados públicos


Estátua de Nelson Mandela, num centro comercial em Joanesburgo
Estátua de Nelson Mandela, num centro comercial em Joanesburgo

Comissão de auscultações já concluiu as audiências e o processo de tomada de decisão final vai levar ainda alguns meses

Africa do Sul revê feriados nacionais

Os feriados nacionais na África do Sul estão em vias de serem revistos depois de queixas de que os mesmos foram baseados dos feriados cristãos.

Os defensores dessa revisão alegam que estão a promover a igualdade de tratamento para com outras religiões e culturas.

A África do Sul mostra-se orgulhosa em acolher cerca de 20 confissões religiosas, incluindo os rituais dos povos nativos do continente. Mas se olharmos para o calendário de feriados nacional há apenas uma religião que sobressai. Trata-se do cristianismo através do Natal e da Sexta-feira Santa.

E apesar de mais nenhuns outros feriados religiosos estarem referenciados no calendário, tudo poderá mudar.

A Comissão para a Promoção da Cultura, Religião e Direitos Linguísticos está a realizar debates públicos sobre a questão. O chefe desse órgão, Pheagane Moreroa explica:

“Quando partimos de província em província, temos constatado que as recomendações do público têm mudado de dia para dia. Até então, alguns têm indicado que desejam um calendário africano. Outros pedem para se esquecer de todos os feriados religiosos. Outros dizem o mesmo em relação aos calendários religiosos, mas para que sejam substituídos por feriados gerais – “feriados gerais” - um termo que surge pela primeira vez.”

Moreroa diz que o essencial para a construção da nação é que nenhum grupo religioso se sinta descriminado.

“O actual calendário sul-africano foi-nos imposto. É um calendário Ocidental. Não o queremos. Queremos um calendário africano. É o que disse um dos participantes, e desde então isso já não me sai da cabeça.”

O Conselho das Igrejas da África do Sul, diz-se satisfeito com o ainda actual calendário de feriados públicos, e saúda o debate. O secretário-geral desse conselho, o Reverendo Mautji Pataki, diz que a igreja se irá contrapor a eliminação do calendário, dos dois feriados cristãos.

“Bem, recorde que estamos numa democracia, onde toda gente tem o direito de dar voz a sua opinião e estamos a considerar que essas opiniões devem ser ouvidas. É neste sentido que apoiamos as auscultações públicas sobre essa matéria, e ouvir o que pensam os sul-africanos pode satisfazer as suas necessidades de democracia, num país onde as diversas comunidades religiosas têm cada uma delas as suas exigências.”

Wendy Kahn da Delegação de Judeus Sul-africanos diz que o que deseja é que os dias sagrados judeus sejam respeitados tanto pelo governo como pelo privado.

“Penso que somos claros. Temos 13 dias sagrados judeus. Em nenhum deles, um judeu praticante não deve trabalhar, fazer exames universitários, portanto isso não afectará grandemente a nossa comunidade. Mas ao dizer isso, não seria sério somar mais outros 13 dias ao calendário nacional. Se estivéssemos a implementar os feriados religiosos e culturais de toda gente, não iremos passar muito tempo nos gabinetes.”

Com um calendário que contempla 12 feriados a escala nacional o sector privado sul-africano não está ansioso para somar outros, por considerar que o seu custo económico poderá ser demasiadamente alto.

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