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Negros brasileiros lutam por mais direitos políticos


Ex-presidente do Brasil, Lula da Silva foi um dos promotores dos direitos sociais dos negros através de programas de ajudas as famílias desfavorecidas
Ex-presidente do Brasil, Lula da Silva foi um dos promotores dos direitos sociais dos negros através de programas de ajudas as famílias desfavorecidas

Projecto "Negro 2022" tem como meta garantir uma melhor intervenção e participação dos negros até o bicentenário da independência

Negros brasileiros lutam por mais direitos políticos

Uma comissão de afro-descendentes lançou recentemente no Brasil o projecto “Negros 2022”. O objectivo é conseguir ampliar a participação dos negros na sociedade brasileira até o bicentenário da independência do país, daqui a dez anos.

Na prática, o projecto quer estimular a criação de propostas de políticas de promoção da igualdade racial no Brasil. Elevando os indicadores sociais do negro, o movimento vai ajudar a elevar a média geral do país. É isso que busca o “Brasil 2022″, plano da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, que reúne várias iniciativas, do governo e da sociedade civil, para fazer com que o país evolua, em vários setores, em até 2022.

Na articulação pela melhoria da qualidade de vida dos negros está a Faculdade Zumbi dos Palmares, que mantém o portal na internet “Observatório da População Negra”. O reitor da Faculdade, José Vicente, explica que o projecto “Negro 2022” vai trabalhar, dentro do “Brasil 2022”, para que os indicadores dos negros possam se aproximar da meta média que o país pretende atingir em dez anos.

O reitor admite, no entanto, que serão necessários bem mais do que 10 anos para que os negros ocupem lugares mais igualitários no Brasil. Um dos exemplos é o fato de o afro-descendente ainda hoje responder por apenas 7% das vagas no ensino superior no país.

“Do jeito que se encontra hoje, precisamos de mais uma geração para poder encostar na média nacional, tendo em vista que o fosso é terrivelmente desproporcional. Se você for ver a presença do negro, por exemplo, no comando das grandes empresas, nós temos apenas 3% nas 500 maiores empresas do país. Se nós formos buscar a presença dos negros no corpo docente do ensino superior, nós só vamos achar 2% de negros”.

O reitor da Faculdade Zumbi dos Palmares resume os pontos mais complicados na busca por essa meta de melhoria de indicadores da população afrodescendente no Brasil.

“Combater a pobreza está em uma das pontas. Isso talvez possa ser bem conduzido a partir das políticas públicas implementadas pelo governo, como o Programa Bolsa Família”, afirma.

“Ao mesmo tempo precisamos levar esse público, primeiro para a alfabetização, segundo para o ensino superior e, depois, abrir espaço para eles no mercado de trabalho. O mais preocupante é que temos um “buraco” muito grande no ensino médio. No Brasil, perdemos, em média, 54% dos estudantes na trajectória do ensino médio. Desse público, quase 70% são negros. Por isso, chegamos com um número pequeno de negros no ensino superior”.

O estudioso lembra que os indicadores ruins têm explicação histórica e são perpetuados pela cultura racista que ainda domina no Brasil.

“Nós temos um passivo da escravidão. Em 1988 uma lei disse: vocês estão livres, passar bem. Todos os espaços construídos na nova sociedade foram dados para pessoas de fora, os imigrantes. Nós temos também um passivo gerado pela discriminação e pelo racismo.

Isso acontece porque nós insistimos em construir uma política cultural estética que não privilegia a mistura de raças. No Brasil, automaticamente, quando você precisa contratar um profissional você já tem um modelo que serve para a sua empresa. Nele, o negro não entra porque o padrão estético é o ocidental”.

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