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O Dragão em África


Relações entre a China e o continente africano

A entrada da China na cena política e económica mundial tem levantado nos últimos anos grande controvérsia. Visto por alguns como um factor benéfico trazendo ao mundo mais concorrência, a China é vista por outros como um dragão sequioso de matérias-primas e de mercado não olhando a meios para alcançar os seus objectivos.
Há que começar por dizer que o investimento directo estrangeiro da China é pouco quando comparado com os Estados Unidos ou mesmo com algumas outras potencias económicas europeias.
Se se tiver em conta os investimentos acumulados essas diferenças são ainda maiores.
Mas o investimento da China está a crescer. Por exemplo em 2008 foi o dobro do que em 2006. Isso reflecte-se também em África.
Deborah Brautigam uma especialista nas relações económicas entre a China e África disse numa conferencia realizada aqui em Washington na Quarta-feira que a China vê África como um lugar onde vende 50 mil milhões de dólares em 2008, onde existe o potencial de centenas de milhões de consumidores e também um lugar para expandir os seus investimentos externos como parte da sua politica de globalização da sua economia.
Para levar as suas companhias a globalizarem-se a China segue a via de conceder linhas de crédito garantidas por recursos. Um exemplo disso é Angola que nos últimos anos recebeu milhares de milhões de dólares em créditos da China para projectos de reconstrução. Aliás Angola é o país que em África recebe a maior linha de credito da china.
Estas linhas de crédito não são feitas em termos considerados de favoráveis. Por exemplo uma linha de crédito de dois mil milhões de dólares concedida a Angola foi feita à taxa de juro da taxa interbancárias de Londres mais 1,5 por cento por um período de 12 anos.
“O aspecto chave que é diferente destes créditos é que o dinheiro nunca vai para Angola. Não é transferido em dinheiro líquido. Por isso podemos afirmar que serve como instrumento de restrição ou constrangimento. Isso significa que num país pobre como Angola alguns desses rendimentos do petróleo vão ser usados directamente em infra-estruturas de desenvolvimento e companhias chinesas vão ser pagas para as construir, disse a especialista
Portanto deste sistema chinês de não entregar directamente o crédito há riscos e benefícios. Quais são os riscos?
O primeiro é que não há concorrência internacional para esses projectos. Portanto o país que recebe o crédito não pode ter a certeza que está a receber o melhor serviço ao melhor preço.
Outro problema é que esses projectos podem ter apenas objectivos e benefícios políticos. Os chineses, disse a especialista, não se preocupam com o local onde esses projectos são consturidos. Há tambe a possibilidade de pagametnos de luvas por companhias chinesas uma pratica considerada anormal na China
Mas claro está há benefícios para além do já mencionado de ser um instrumento de restrição. E mais:
“Elimina o risco de desvio de fundos por parte da parte angolana e pode até expandir a capacidade de pagamento de dívidas se estiver ligado a uma expansão de exportações o que acontece por exemplo com a república democrática do Congo, “ disse a especialista.
“ O maior benefício é que no final de tudo se tem novas infra-estruturas,” acrescentou
Mas para além das linhas de crédito o governo chinês está agora lançado numa campanha que chama de “globalização em grupo”. Isto visa encorajar medias empresas chinesas a estabelecerem-se em conjunto em África através da criação zonas económicas . A China quer construir seis zonas económicas em África e um dos locais que poderá ser escolhido é Cabo Verde.
O Impacto Político
No envolvimento da China em África tem-se falado muito do impacto político do envolvimento económico da China. O facto da China seguir uma política de não interferência nos assuntos infernos dos países onde se envolve economicamente significa que a China tem feito acordos com regimes considerados de repressivos e corruptos. Mas Deborah Brautigam afirma que um estudo por si efectuado revela que em termos políticos o envolvimento económico da China não teve qualquer impacto quer em países considerados livres, menos livres ou repressivos tendo em conta o índice da organização Freedom House.
Para Brautigam parece haver outras causas para mudanças políticas que não o envolvimento comercial e económico da China.
“Podemos olhar para os casos específicos que atraem mais atenção como por exemplo o Zimbabwe Sudão ou Angola. E se olharmos para esses casos verificamos que não há uma indicação clara que estarão a piorar devido ao envolvimento da China., disse.

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