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África: O tema esquecido das eleições em França


Presidente francês cessante, Nicolas Sarkozy em campanha para a segunda-volta das eleições presidenciais de Domingo
Presidente francês cessante, Nicolas Sarkozy em campanha para a segunda-volta das eleições presidenciais de Domingo

Com a imigração a ser um dos temas fortes da campanha eleitoral, muitos dos eleitores gostariam ouvir as posições sobre África dos dois candidatos as eleições deste Domingo

Africa nas eleições em França

A economia, o emprego e imigração estão a ser questões candentes nos debates das eleições presidenciais em França com a política estrangeira a ser no entanto preterida, isto apesar da longa e antiga relação da França com África não ser uma excepção.

Lisa Bryant da VOA em Paris traça a perspectiva de como os africanos residentes em França estão a viver as eleições e se os seus resultados irão trazer alguma diferença na relação França-África.

O Bairro de Chateau Rouge ao norte de Paris é a segunda pátria para muitos dos imigrantes africanos do Magreb e da África Subsaariana. É o centro comercial de preferência da comunidade africana, onde o comércio informal domina, com as ruas completamente cheias de gentes, de barracas e de mesas de vendas, com trajes africanos, restaurantes, lojas de tecidos e de cabines telefónicas para comunicações a baixo-custo.

Nesse colorido retrato do quotidiano, há também cartazes de campanha com fotografias dos dois candidatos finalistas as eleições deste domingo em França: Nicolas Sarkozy o presidente cessante e o candidato socialista François Hollande.

Paulette Wetche é cabeleira e originária dos Camarões. Para ela as circunstâncias destas eleições não lhe obrigam a ter que gostar de nenhum dos candidatos.

Wetche obteve a nacionalidade francesa, mas não está segura se irá ou não votar no dia 6 de Maio. De momento está preocupada com o facto de todos os políticos fazerem promessas que jamais podem cumprir. Para ela não há muita diferença entre Nicolas Sarkozy e François Hollande.

Cheik Lo, é um imigrante ilegal proveniente do Senegal e não concorda com a análise de Paulette Wetche.

Lo diz que durante o mandato do presidente Sarkozy a vida em França tornou-se difícil. Por isso tem rezado para que François Hollande ganhe as eleições, porque acredita que o candidato socialista pode ajudar os imigrantes ilegais como ele a obterem a residência em França e trabalharem livremente.

O presidente Sarkozy tem sido severo com a imigração ilegal durante os 5 anos do seu mandato. Na sua campanha para a reeleição afirmou haver muitos imigrantes no país – uma táctica, no entanto, descrita pelos analistas políticos como forma de atrair os votos da direita radical.

Mas também não é garantido que o candidato François Hollande irá regularizar os imigrantes no caso de ser eleito presidente. Numa entrevista a uma Rádio local, Hollande disse que durante esta fase de contracção económica, é preciso limitar a imigração económica com destino à França, e que poderá ser severo com a imigração ilegal.

As relações França – África são com certeza mais do que a simples imigração. Quando eleito em 2007 o presidente Sarkozy defendeu uma ruptura radical das relações tradicionais França-África, descrita como pouco transparente e muito íntima.

Na cimeira França-África de 2010 com os líderes africanos o presidente Sarkozy disse que a França e África tinham uma especial relação, e que era impossível actualmente resolver os maiores problemas internacionais sem a participação de África.

Terá o ainda presidente francês, instituído essa nova e prometida relação com África? A resposta é negativa e é de Pierre Cherruau editor-chefe da publicação na internet, Slate Afrique.

“É muito difícil cortar estes tipos de cordões, porque existe uma forte base económica – algumas e muito importantes companhias francesas estão ligadas a essa rede, como o negócio do petróleo ou nuclear – a exemplo da empresa Areva.

Cherruau diz que ainda assim houve algumas alterações. Durante o mandato de Sarkozy a França reduziu o seu contingente militar em África, e o seu governo também tem afirmado que as relações são mais transparentes.

Isso tudo, enquanto Sarkozy foi reforçando os laços com os líderes africanos há longos anos no poder, assim como apoiou alguns novos líderes, incluindo os novos presidentes democraticamente eleitos no Senegal e na Costa do Marfim.

O editor Cherruau acredita por outro lado que se François Hollande for eleito, ele poderá ir mais a frente as mudanças. Hollande por exemplo foi um dos primeiros a criticar o antigo presidente costa-marfinense, Laurent Gbagbo, apesar da sua forte relação com o partido socialista francês.

Contudo o jornalista Pierre Cherruau aponta a falta de experiencia africana de François Hollande, e sublinha que, se os líderes africanos pudessem votar nestas eleições de Domingo, eles teriam provavelmente escolhido o presidente Sarkozy.

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