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Brasil: Governo acusado de favorecer imigração de brancos


Nova lei poderá dar prioridade de imigração a pessoas com formação de destaque

A decisão brasileira de limitar a entrada de haitianos no país, no início do ano, abriu um debate que permanece até hoje sobre a imigração selectiva no Brasil.

O governo brasileiro é acusado de direcionar políticas a favor apenas de imigrantes qualificados de países ricos ou seja de pessoas de raça branca.

A polémica ocorre no momento em a Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da República estaria a elaborar uma política nacional de imigração que deve priorizar pessoas com formação de destaque, limitando a entrada de estrangeiros que estejam fugindo da pobreza.

Para o cientista político Jorge da Silva, da Universidade do Rio de Janeiro, (Uerj), o Brasil continua com a política iniciada pós escravidão: a de “branqueamento” da sociedade.

Para ele, a selectividade na imigração no Brasil tem carácter racista e o objetivo claro de barrar a entrada de negros, sobretudo, de africanos.

Silva disse que até a propagada "miscigenação" do Brasil é utilizada para "negar" a presença dos negros.

"Pratica-se no Brasil um tipo de etnocídio contra as populações oriundas de África," disse.

"Os negros brasileiros não podem dizer que são negros," acrescentou afirmando que no Brasil se insiste que "todo o mundo é misturado".

"O negro tem que dizer que não é negro e o loiro tem que dizerm não é loiro e só por isso se percebe que temos um grande problema em aceitarmos que temos aqui brancos, loiros, pretos, pardos," disse ele.

"Qual é o problema das pessoas se identificarem dessa forma?" interrogou.

Para o Professor Jorge da Silva quando o Brasil diz que vai previligiar a imigração de paises desenvolvidos "estamos a dizer de países europeus".

"Vamos ser bem claros: quando falamos de países pobres não estamos a falar de países pobres, mas sim negros," acrescentou.

O professor Silva mostrou-se pessimista quanto à possibilidade de uma mudança da atitude brasileira de negar as suas raças excepto quando se trata de europeus.

"Eu não sou pessimsita. Sou realista. Eu acho que as pessoas não vão conseguir livrar-se desses preconceitos," acrescentou.

Ouça a entrevista com mais pormenores sobre a analise racial deste professor brasileiro carregando na barra azul no topo


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