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Artes & Entretenimento: Neuza, a nova voz das ilhas


Cantora cabo-verdeana Neuza
Cantora cabo-verdeana Neuza
Neuza é a nova voz de Cabo Verde, que, neste último ano, surpreendeu o país conhecido sobretudo pela sua música.

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É filha de uma cantadeira da ilha do Fogo que rumou à capital à procura de uma vida melhor.

A mãe começou a cantar nos restaurantes e bares, e, em casa, a filha também ia cantarolando as músicas tradicionais do Fogo.

Aos seis anos ela morreu, mas deixou na filha o gosto pela música.

“Quando comecei a trabalhar na cozinha dos restaurantes, eu estava sempre a cantarolar e empurrada pelos colegas, também comecei a cantar há cerca de três anos”, conta Neuza.

Entre a ilha do Fogo e a cada vez mais cosmopolita cidade da Praia, Neuza manteve a tradição e foi descobrindo os belos ritmos da terra da mãe.

“Sempre gostei e cantei músicas de Cabo Verde, principalmente do Fogo, amo a nossa música, apesar de ouvir outros ritmos”, explica.

Dos bares para o estrelato foi necessário apenas em encontro, com a pessoa certa: Djô da Silva, o produtor cabo-verdiano radicado em França e dono da Lusáfrica, que nos finais da década de 1980 tirou Cesária Évora dos bares e ruas do Mindelo e a catapultou para os grandes palcos do mundo.

“Um militar, de nome Buchic ouviu-me a cantar e pediu-me o telefone, mas como isso já me tinha acontecido várias vezes pensei não dar. Tive um clique e dei-lhe o número. Na altura disse-me que não era para ele mas para uma pessoa que com certeza vai se interessar por ti”, conta Neusa, que semanas depois foi chamada pela mesma pessoa porque alguém queria ouvi-la a cantar: era Djô da Silva.

Sem espectáculo programado para esta noite, Neuza convidou um guitarrista e amigo e os dois foram actuar num bar, a seu pedido.

Ao ouvi-la cantar o produtor de Cesária Évora disse “encontrei a voz que há muito procurava”.

“Flor di Bila”, primeiro álbum de Neusa e lançado esta sexta-feira na cidade da Praia, traz para a ribalta ritmos da ilha do vulcão, como kurtisan, atalaia baxo e rabolo, ao lado de mornas e coladeiras.

Se se pode descobrir um desconhecido compositor como Bussue de Nho Tonton, autor do tema que dá nome ao disco, pode-se encontrar nomes sonantes da música cabo-verdiano como o maestro Paulino Vieira, o célebre B.Leza e o conceituado Antero Timas.

A música Flor di Bila foi escolhido para dar título ao álbum como homenagem à mãe, mas canção é de Bussue de Nho Tonton, actualmente imigrante nos Estados Unidos.

“Fala de uma senhora, Mara, muito bonita, dos anos sessenta e decidi homenagear a minha mãe com essa música de Bussue de Nho Tonton, um grande compositor como várias outros do Fogo que têm muitas obras engavetadas”, revela Neuza.
Apesar de ser oficialmente lançado hoje, Flor di Bila está no mercado há cerca de oito meses.

Em pouco tempo, o sucesso da voz e da obra ultrapassou as expectativas da cantora e do produtor Djô da Silva, que foi obrigado a antecipar o lançamento internacional de Neuza.

A cantora estará na Europa de Março e Junho do próximo ano e, em princípio, ainda em 2013 deverá apresentar-se nos Estados Unidos.

Djô da Silva diz que o futuro desta nova voz cabo-verdiana é promissor: “vai trazer muita alegria à nossa música e aos festivais de música que procuram estilos alegres e artistas com muita presença no palco como a Neuza”.

Aos 24 anos, Neuza é a revelação musical de 2013 em Cabo Verde, dona de uma voz particular e com uma longa margem de expressão.

Trouxe à música das ilhas uma nova sensibilidade, os ritmos do fogo numa voz feminina.

Ao mesmo tempo que prepara a sua carreira, quer estudar jornalismo e ser apresentadora de televisão ou jornalista.
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