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Angola: Remodelação presidencial resulta da necessidade de proteger interesses pessoais


Analistas defendem que alterações de José Eduardo dos Santos servem para manter e proteger os seus interesses

Analistas em Luanda consideram que as remodelações efetuadas esta
semana, em alguns ministérios do governo angolano, estão relacionadas
com a necessidade da manutenção e proteção de interesses pessoais do
presidente da República. Para nos falar sobre o assunto, ouvimos
Sérgio Calundungo, especialista em projectos de desenvolvimento e
Joaquim Nafoia, secretário da UNITA para os direitos humanos.

Angola: Remodelação presidencial resulta da necessidade de proteger interesses pessoais
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O presidente José Eduardo dos Santos substituiu, esta semana, os
ministros das Finanças, Armando Manuel, e da Agricultura, Afonso Pedro
Canga, e o ministro de Estado e Chefe da Casa Civil do Presidente da
República, Edeltrudes da Costa e nomeou Augusto Archer Mangueira,
Marcos Alexandre Nhunga e Manuel Neto.

O novo ministro das Finanças, Archer Mangueira, deixa a Comissão do
Mercado de Capitais para substituir Armando Manuel, que tinha sido
nomeado em Maio de 2013 e assume uma pasta que tem a espinhosa missão
de devolver a estabilidade macro económica, em tempos de crise
financeira.

Archer Mangueira (ao centro)
Archer Mangueira (ao centro)



Desde 2008, passaram pelo ministério das finanças, os ministros
Severim de Morais e Carlos Alberto Lopes. Neste particular é um novo
ministro das Finanças a cada dois anos.

Para além da pasta das finanças, o presidente da República exonerou,
os ministros da Agricultura, Afonso Pedro Canga, e da Casa Civil da
Presidência da República, Edeltrudes Costa.

A exoneração de Armando Manuel deve-se, sobretudo, a razões políticas.
Segundo fontes em Luanda o ex-ministro chegou a anunciar publicamente
um acordo de financiamento com o Fundo Monetário Internacional que
José Eduardo dos Santos preferiu desconfirmar.

Sobre a mudança na pasta da Agricultura, um sector essencial para o
futuro do país que é um dos parentes-pobres do governo de José Eduardo
dos Santos, muitos analistas acreditam que o problema não está nas
pessoas, mas nas políticas, contudo, tanto Joaquim Nafoia, quanto Sérgio Calundungo apontam críticas ao ministro demissionário, Afonso Pedro Canga, acusando-o de não ter aberto portas ao diálogo.

ex-ministro da agricultura Afonso Pedro Canga
ex-ministro da agricultura Afonso Pedro Canga



Marcos Nhunga, agora nomeado como ministro da Agricultura, é
considerada uma pessoa com um grande conhecimento do sector. Foi
director-geral do Instituto de Desenvolvimento Agrário e sabe quais
são as fraquezas do Ministério da Agricultura.

Joaquim Nafoia, secretário da UNITA para os direitos humanos, também mostra-se bastante céptico quanto aos resultados destas remodelações e defende que José Eduardo dos Santos devia ser ele próprio a assumir a sua
demissão da presidência da república.

Para Calundungo, o desgaste da imagem da governação junto das populações, também pode ser uma das preocupações de José Eduardo dos Santos, enquanto Joaquim Nafoia fala em gestão de expectivas como sendo uma estratégia de José Eduardo dos Santos para continuar a garantir a sua
manutenção no poder.

Artigo escrito sob as normas do novo acordo ortográfico
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