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Angola: Nova revista aborda percurso de figuras históricas


Guardiões dos túmulos do rei Ngola Kiluanje e da rainha N'Jinga Mbande
Guardiões dos túmulos do rei Ngola Kiluanje e da rainha N'Jinga Mbande

A edição zero da revista "In Memoriam" deu destaque à vida e obra do poeta e primeiro presidente de Angola, António Agostinho Neto.

“In Memoriam” é a mais recente revista lançada na capital angolana pela Casa Zouk de Angola.
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A publicação tem como propósito recolher, tratar e divulgar biografias de figuras transversais que ao longo do tempo alcançaram notoriedade pela sua dedicação na luta contra a repressão colonial e outras causas de realce no mundo.
Para o Secretário de Estado da Cultura a Revista, exclusiva em Angola que aborda a biografia de figuras históricas, é uma iniciativa que vem ao encontro da história de Angola, um país, que “apesar de estar em África desponta para universalidade”.

A Revista publicada pela Casa Zouk de Angola apresenta-se como abrangente do ponto de vista dos seus conteúdos. A intenção da editora é que as figuras que tenham sido referência na sociedade e que mereçam consenso do corpo redactorial da publicação sejam investigadas e abordadas.
Questionado sobre a possibilidade de Jonas Savimbi, Holden Roberto e outras figuras não ligadas ao partido no poder em Angola, MPLA, merecerem uma abordagem nesta revista Luís Paulo, o Director da In Memoriam, salientou que “dependerá do consenso do conselho redactorial”.

Sem aprofundar a explicação dos critérios para escolha das figuras o responsável assegurou que Jonas Savimbi líder fundador da UNITA e Álvaro Holden Roberto, fundador da FNLA, partido histórico de Angola, são figuras que “bem ou mal tiveram o seu percurso, mas que caberá ao corpo redactorial decidir”.
“Isto depende do corpo redactorial. São figuras que bem ou mal tiveram os seus percursos, mas que ao seu tempo poderão ser abordadas”, salientou.
Almerindo Jaka Jamba, Historiador e deputado da UNITA julga que é importante que se estude a contribuição de Jonas Savimbi para o processo histórico em Angola.
O historiador entende que a transição do mono para o multipartidarismo em Angola foi resultado da luta dos angolanos onde a UNITA sob a liderança do seu fundador, desempenhou um papel preponderante.

“Quer se queira, quer não, nenhum historiador honesto e responsável pode olvidar o contributo que a UNITA e, sobretudo Dr. Savimbi, tiveram na abertura que hoje todos consideramos como a melhor via para reconciliação nacional em Angola e para reconstrução do nosso país”.
Figuras emblemáticas como o primeiro presidente sul-africano pós-apartheid, Nelson Mandela, e Che Guevara, revolucionário e internacionalista mundial que lutou a favor dos direitos dos povos oprimidos têm o seu espaço reservado na revista.
Durante o acto de lançamento da revista "In Memoriam" foram apontados nomes de entidades que farão parte das próximas edições. Jonas Savimbi e Holden Roberto não foram anunciados.

O Antropólogo Patrício Batchikama salienta que a figura de Jonas Savimbi deve ser estudada dentro dos heróis pós-modernos que impulsionaram a democratização de Angola. Apesar da sua opção militarista o líder fundador da UNITA é uma figura incontornável na história do país.

“Embora o militarismo que ele optou, mas é uma figura que podemos estudar dentro dos heróis pós-modernos para democratização de Angola”.
Na visão do Historiador e Secretário de Estado angolano da Cultura a história selecciona aqueles que apontaram para unidade nacional, igualdade de circunstâncias e para não exclusão.

Cornélio Kaley pensa que em História “quem selecciona exclui e aqueles que não tenham tido uma linha humana são seleccionados à parte da história”.
Para Cornélio Kaley a inclusão de nomes como de Jonas Savimbi na história dos heróis de Angola depende de um julgamento da própria história. Contudo, o Secretario de Estado da Cultura deixou claro que é a favor da história selectiva e construtiva que exclui ao mesmo tempo.

“Não sou eu que julgo quem quer que seja, é a história que pode julgar. Eu sou apenas Cornélio Kaley. Eu não sou a história de Angola eu sou o historiador. Eu sou historiador que defende a história selectiva, construtiva. Por isso quem selecciona exclui. Agora não diria que não respondi a sua questão, estou a respondê-la de uma forma científica. Toda a história de nações é só história selectiva.
Poderá dizer-me certamente se conhece alguma história de uma nação que não seja selectiva? Eu posso colocar-lhe esta pergunta. Quando me responder e me indicar qual é a história de uma nação que não tenham sido selectiva eu dou-lhe os meus parabéns.

O Historiador e Deputado da UNITA Almeridno Jaka Jamba pensa que se deve ultrapassar o quadro das “diabolizações políticas” e se observar para além das divergências políticas o papel desempenhado por muitas figuras. Neste sentido, o parlamentar julga que ninguém pode olvidar o papel que teve Jonas Savimbi para o alcance da independência de Angola.

“O que é preciso é ultrapassar o quadro das diabolizações políticas, estes pequenos “futebóis” que se fazem a volta da política, para vermos para lá das divergências havidas que papel desempenhou este ou aquele dirigente, este ou aquele partido”.
O Antropólogo Patrício Batchikama pensa que a verdade histórica e o interesse político são fundamentais na valorização de figuras históricas para o interesse da integridade nacional.
A cerimónia de lançamento da revista teve lugar no Memorial António Agostinho Neto, uma imponente “obra de arte” onde são guardadas as relíquias do 1º presidente angolano.

A edição zero da Revista In Memoriam deu destaque à vida e obra do poeta e primeiro presidente de Angola, António Agostinho Neto.
O Secretário de Estado da Cultura Cornélio Kaley afirmou que o contributo desta revista é considerável, pelo que a mesma deve servir de fonte para juventude. O Secretário de Estado da Cultura reconheceu que a juventude angolana carece de mais conhecimento da história de Angola.
Cornélio Kaley pretende que a “In Memoriam” seja uma revista desafiadora, que deva servir como fonte para o estudo da história de Angola. O dirigente angolano defende a sua tradução para uma das línguas mais faladas do mundo.
Para a segunda edição (a número um) a publicação alargou o seu leque de figuras históricas e entidades culturais de Angola tais como o rei Mandume Yandemafayo, o último dirigente do reino dos Kwanyahama, a rainha Njinga Mbandi, a escritora e professora Gabriela Antunes, a cantora Lourdes Van-Dúnem, a rainha da música popular e urbana de Angola e o jornalista Francisco Símons.

Para as duas primeiras edições editadas pela Casa Zouk de Angola foram publicados cinco mil exemplares, mas Luís Paulo Director da Revista ainda não está satisfeito com esta tiragem. Para o responsável conhecer Angola pressupõe o conhecimento do percurso dos heróis da pátria, por isso pretende investir mais para que a revista chegue em todos os cantos de Angola.

Lançada a 9 de Maio deste ano em Luanda a revista “In Memoriam” tem como propósitos relembrar as figuras nacionais, recolher, tratar e divulgar biografias de figuras transversais que ao longo do tempo alcançaram notoriedade pela sua dedicação a luta contra a repressão colonial e outras causas de realce.
Com uma periodicidade trimestral a revista é comercializada ao preço de mil e quinhentos kwanzas, o equivalente a 15 USD.
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