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Angola Fala Só - MCK: "Quem não tem princípios não tem muito a oferecer"


MCK rapper angolano
MCK rapper angolano

"Nos últimos 3 ou 4 anos não há manifestações, há sim tentativas de manifestações que são imediatamente reprimidas”.

2 Jan 2015 AFS - MCK "Quem não tem princípios não tem muito a oferecer"
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O conhecido músico angolano MCK disse que o seu sucesso e o de muitos outros músicos contestatários se deve aos princípios que ele e outros defendem.

“Quem não tem princípios não tem muito a oferecer”, disse o músico que falava num animado “Angola Fala Só” em que respondeu a perguntas de ouvintes sobre uma vasta gama de assuntos, desde a música à politica.

MCK começou por dizer aos ouvintes que em 2015 não tem a intenção de editar um novo álbum mas sim reeditar álbuns anteriores.

O músico tem para 2015 um projecto chamado “Logo no Princípio”.

“No primeiro trimestre vamos fazer as mil cópias de ouro do “Proibido Ouvir isto”, disse acrescentando que serão oferecidos gratuitamente.

“Continuamos na mesma dinâmica de lançar discos de cinco em cinco anos,” acrescentou.

MCK foi interrogado por várias vezes sobre questões de política angolana tendo afirmando que Angola “ é dos estados que mais viola a sua própria constituição”.

A este respeito fez notar como exemplo o facto de, na sua opinião, o direito à manifestação não ser respeitado.

MCK disse que embora se fale de manifestações “nos últimos 3 ou 4 anos não há manifestações, há sim tentativas de manifestações que são imediatamente reprimidas”.

Isso, disse, é uma clara violação da constituição.

Interrogado por um ouvinte sobre o facto de ter sido divulgado que um outro músico Kid MC tem cartão de membro do MPLA, MCK disse considerar esse músico como um amigo acrescentando que no país “ deve haver democracia e liberdade de escolha de opções políticas”.

Em resposta a um outro ouvinte MCK afirmou que não está filiado em nenhum partido “por enquanto” e não tem ambições políticas.

“A participação em politica partidária não é a única opção para contribuir para o engrandecimento do nosso país”, acrescentou, afirmando ainda que “cada angolano na esfera social a que pertence pode oferecer o seu contributo colocando uma pedrinha numa Angola melhor e diferente”.

Interrogado sobre a música de um outro conhecido rapper “Brigadeiro 10 Pacotes” que anteriormente teve problemas com as autoridades, MCK disse que “o exercício musical do brigadeiro 10 Pacotes se enquadra perfeitamente naquilo que são as liberdades”.

“Em qualquer estado democrático e de direito existem limites, mas cabe aos orgãos de direito estabelecer os limites. Mas acho que a música do 10 Pacotes se enquadra perfeitamente naquilo que é o nosso modelo de estado (um estado que se apresenta como um estado de direito)” disse.

Abordando a situação da música em Angola, MCK disse que “genericamente falando” a música angolana cresceu “quantitativamente” muito.

Isto deve-se ao facto de hoje existirem mais opções para os músicos havendo mesmo uma grande parte da música a ser feita em estúdios caseiros ( home studios) o que permite que a “música comece a ganhar um conceito independente cada vez maior”.

“São cada vez menos os artistas que vão para os grandes estúdios como era o caso no passado”, disse afirmando que os grandes estúdios só entram em cena “no trabalho pós produção”.

Hoje em dia, há também na música angolana “uma preocupação estética muito maior”.

“A nossa indústria videográfica também cresceu muito”, afirmou fazendo notar que para além da “força interna” cada vez maior, a música angolana é também já “um produto de exportação” mencionado nomes de artistas angolanos que têm “forte apreciação internacional”.

“A quantidade trouxe qualidade. Hoje dá para exportar”, acrescentou.

Um ouvinte quis saber do “rapper” a sua opinião sobre os musicos que seguem a via religiosa ou oturas vias, ao que MCK respondeu afirmando que “cada artista é um bocado o reflexo da sua educação, daquilo que são os seus princípios, daquilo que são os seus valores”.

“O grande grosso dos artistas em Angola não tem noção dos seus direitos, não tem a preocupação de fazer esse exercício de cidadania que é um direito constitucionalmente adquirido”, acrescentou.

“Não posso responder pelos outros”, afirmando que para ele o rap é a via em que pode combinar a arte com o exercício dos seus direitos e valores.

“Todo o resto depende da educação e princípios”, afirmou.

“ Quem não tem princípios e valores não tem muito a oferecer e quem não conhece os seus direitos não tem muito a oferecer aos outros também”, acrescentou.

Interrogado por um ouvinte sobre as eleições autárquicas, o músico angolano opinou que essas eleições são “um imperativo constitucional”, acrescentando que na sua opinião só a falta de vontade política impede a sua realização.

“A agenda política é refém do chefe de estado”, disse MCK.

Respondendo a uma outra pergunta sobre o parlamento, MCK considerou que aquele órgão “não tem proporcionado discussões de interesse do cidadão”.

“O cidadão não sabe o que acontece na assembleia”,” disse MCK para quem “o cidadão angolano não decide nada”.

Para MCK a sua “ grande motivação de luta permanente e incessante é a paixão em acreditar que é possível acreditar no sonho da criação de um país onde cada um se sente parte dele”.

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