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Angola é o novo eixo da crise na Costa do Marfim


Laurent Gbagbo, à esquerda, cumprimenta o Primeiro-ministro do Quénia Raila Odinga, no dia 17 de Janeiro, em Abidjan. Odinga foi enviado pela União Africana (UA) para tentar solucionar a crise na Costa do Marfim.
Laurent Gbagbo, à esquerda, cumprimenta o Primeiro-ministro do Quénia Raila Odinga, no dia 17 de Janeiro, em Abidjan. Odinga foi enviado pela União Africana (UA) para tentar solucionar a crise na Costa do Marfim.

José Eduardo dos Santos assertivo na defesa do regime de Laurent Gbagbo

19 Jan 2011 - Luanda tornou-se o centro de negociações de bastidores sobre a crise na Costa do Marfim. Um dia depois de o presidente do Benim, ter ido a Angola anunciar que mudou de ideias, o enviado da União Africana, Raila Odinga, vai também a caminho da capital Angolana. Odinga saiu hoje de Abidjan a confessando recear que as coisas na Costa do Marfim acabem mal.

O enviado da União Africana e primeiro-ministro do Quénia, saiu de Abidjan a acusar de má fé o presidente cessante, Laurent Gbagbo.

Odinga pretendia, nesta visita, duas coisas: persuadir Ggagbo a pôr na mesa das negociações o fim da sua presidência, e a levantar o cerco militar ao Hotel Golf, na capital marfinense, onde estão a viver o presidente-eleito, Alassane Ouattara e a sua comitiva.

“O senhor Gbagbo garantiu-me que o cerco seria levantado ontem ao meio dia e depois voltou com a palavra atrás, pela segunda vez em duas semanas”, disse, à saída de Abidjan, um agastado Odinga.

O enviado da União Africana afirmou, ainda, recear que seja difícil encontrar uma solução pacífica para a crise da Costa do Marfim, sobre a qual paira a ameaça da CEDEAO retirar Gbagbo do poder pela força.

“Cada vez há menos tempo para uma solução amigável negociada”, disse Odinga advertindo que se torna difícil assegurar amnistia para os apoiantes de Gbagbo que estão a atacar as forças da ONU e os civis.

Odinga saiu rumo ao Gana, Burkina Fasso e Angola – esta última crucial, devido às estreitas relações de José Eduardo dos Santos com Laurent Gbagbo. Angola é um dos poucos países que reconhece publicamente Gbagbo como chefe de Estado marfinense.

Ontem, após uma visita à capital angolana, o presidente do Benin, Boni Yayi, abriu a primeira fenda na muralha da CEDEAO ao dizer que, afinal, Laurent Gbagbo tem razão em não querer abandonar o poder.

Yayi, fazia parte de um grupo de três presidentes de estados da CEDEAO que, há 15 dias, se reuniram com Gbagbo para o persuadirem a passar a chefia do estado ao presidente-eleito, Alassane Ouattara.

O presidente do Benin disse, após reunião com José Eduardo dos Santos, que a melhor solução para a Costa do Marfim é uma solução negociada que passe pela partilha do poder – exactamente o contrário do que é preconizado pela CEDEAO e a União Africana.

Raila Odinga não deu qualquer sinal de que aceita essa solução, mas em todo o caso, esta brecha da unidade na CEDEAO poderá fazer com que a Costa do Marfim se venha a juntar ao número de países africanos em, que os resultados das eleições são substituídos por partilhas do poder.

Neste caso em particular, note-se que Alassane Ouattara é um apoiante de longa data da UNITA. Se Gbagbo prevalecer Angola terá dado mais uma prova de assertividade na defesa de regimes amigos. Ainda não se sabe é por que preço. Raila Odinga vai tentar persuadir José eduardo dos Santos a ter um papel positivo na crise.

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