O aumento de assassinatos por razões desconhecidas está a levantar suspeitas da existência de “esquadrões da morte” dentro da própria polícia angolana, algo rejeitado pelo Serviço de Investigação Criminal (SIC) como não tendo qualquer fundamento.
Nas últimas semanas, 18 cidadãos apareceram mortos sem se saber até ao momento quem são os autores dos assassinatos.
O primeiro caso aconteceu em Fevereiro, no município de Cacuaco, quando oito pessoas apareceram mortas na morgue do hospital, e em Março, no Icolo e Bengo, 10 pessoas apareceram mortas, algumas amarradas e com sinais de tortura.
O SIC diz não ter ainda respostas sobre os autores dos referidos crimes..
A Voz da América falou com dois especialistas em questões militares e de segurança.
Manuel Mendes de Carvalho Pacavira, vulgarmente conhecido por General Paka, fez treinamento em segurança publica em Israel pela Polícia Nacional, e é de opinião que estes acontecimentos vão-se agravar ao longo do tempo porque em seu entender o país está desgovernado.
"O país está desgovernado, há um descontrolo grande, as instituições ja não são credíveis, os cidadãos devem se preparar para o que aí vem, isso vai piorar, eles não dizem nada e quem cala, consente", aponta aquele general.
Outro militar, Osvaldo Caholo, diz não ter dúvidas que própria polícia está envolvida nestas ocorrências e acrescenta que os agentes da polícia foram formatados para o pior.
"Durante o processo de recrutamento, tanto nas Forças Armadas como na polícia, nós somos treinados para ser assassinos, para matar, nós não fomos formatados para ser democratas, isto ainda vai piorar", conta Caholo.
O jurista Pedro Caparakata diz haver duas opções a considerar como supostos autores destes assassinatos de cidadãos na rua em menos de dois meses.
"Pode ser que seja a propria polícia ou então acção de grupos paralelos que respondem a certos interesses sobretudo politicos”, admite aquele jurista, quem lamenta que "os resultados nunca vão ser divulgados porque entra o político e tudo fica entre paredes".
O SIC, por intermédio do seu porta-voz Manuel Halaiwa, descarta para já qualquer envolvimento da polícia e diz que a corporação "mantém a sua posição: as investigações decorrem a seu ritmo, para se chegar aos autores destas ocorrências".
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