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Analistas duvidam da implementação das recomendações do FMI ao Governo angolano


Luanda
Luanda

Os técnicos do Fundo Monetário Internacional (FMI) que recentemente visitaram Angola recomendaram ao Governo de Luanda uma série de medidas para sair do actual quadro macro-económico em que se encontra o país.

Entre as sugestões, recomendaram ao Governo tomar medidas para ajustar as novas políticas económicas à nova realidade dos mercados internacionais do petróleo.

“Um possível atraso na implementação destas medidas”, diz o FMI, “pode agravar os custos de ajustamento e preterir os seus benefícios”.

Outra recomendação do FMI diz que Executivo para contrabalançar a receita petrolífera com uma maior receita do sector não petrolífero.

As dúvidas

Economistas e empresários ouvidos pela VOA dizem ter dúvidas se o Governo vai implementar as recomendações do FMI.

O economista e professor universitário Faustino Mumbica afirma que há um conjunto de práticas dos gestores públicos que o levam a duvidar que estas medidas se concretizem.

“'Temos um sistema de governação e de administração pública no país privatizada que atende a interesses pessoais de grupos de pessoas que formam o próprio Executivo, mas mesmo que houvesse investimentos de facto noutros sectores, fora da área do petróleo, para diversificar a economia, continuaríamos a ter o peculato, o roubo, a falta de responsabilização, comportamentos típicos da nossa administração e governação que infelizmente constituem em grandes entraves às propostas do FMI'', anota Mumbica.

Por seu lado, o empresário e presidente da Associação Industrial de Angola (AIA), José Severino, pensa que a ausência de algumas condições como as infraestruturas podem ser impedimentos à materialização das recomendações do FMI.

“A oferta de energia eléctrica tem de ser superior à procura, as infraestruturas não são viáveis porque não temos estradas, precisamos encorajar muito o investimento estrangeiro no nosso país, como é também recomendação do FMI'', alertou aquele especialista próximo do Executivo, que pede ao Governo que ouça alguns sectores técnicos para que haja sucesso na implementação das medidas recomendadas pelo FMI.

“A AIA e outras associações pertencíamos a um conselho técnico, mas infelizmente foi marginalizado, obviamente ao querer se alargar a base tributária é necessário ouvir os representantes dos contribuintes, não basta apenas tomar medidas que podem ser boas ou não”, conclui Severino.

Uma das medidas recomendadas pelo FMI é que o Governo reduza a carga pessoal na função pública, uma medida que aqueles entrevistas duvidam da sua implementação em virtude de estar num ano eleitoral.

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