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Alta temperatura política na Guiné-Bissau


Domingos Simões Pereira
Domingos Simões Pereira

Primeiro-ministro reúne-se com partidos e embaixadores antes de falar ao país.

O primeiro-ministro da Guiné-Bissau Domingos Simões Pereira vai falar ao país nesta quinta-feira, 6, no momento em que fontes diplomáticas e observadores políticos admitem que o Presidente da República esteja a preparar-se para demitir o Executivo.

Antes, Simões Pereira reúne-se com partidos políticos e embaixadores acreditados em Bissau, aos quais deverá anunciar a sua decisão.

Nos círculos políticos, admite-se que o primeiro-ministro irá fazer uma profunda remodelação governamental na tarde de hoje.

Também o Presidente da República encontra-se em contactos e há sectores que indicam mesmo que ele pretende demitir o Executivo.

Há dois dias, após ter-se encontrado com o Chefe de Estado, José Mário Vaz, o presidente da Assembleia Nacional Popular Cipriano Cassamá admitiu que “o governo está em perigo”.

“O que ouvi hoje [anteontem] de manhã, eu não concordo. Há possibilidade de dialogarmos. A queda do Governo não é uma solução para este país”, referiu perante os deputados.

Na intervenção, Cassamá deixou críticas implícitas ao Presidente e à possibilidade de Vaz demitir o Executivo por dificuldades de relacionamento pessoal com o primeiro-ministro, Domingos Simões Pereira.

Hoje, em declarações à agência Lusa, o representante da União Africana afirma estar preocupado com as dificuldades de relacionamento entre José Mário Vaz e Domingos Simões Pereira e apelou ao diálogo entre os dois.

"Acreditamos que a Guiné-Bissau está no bom caminho, mas é preciso chamar a atenção para a necessidade de harmonização e coordenação", advertiu Ovídio Pequeno.

Aquele responsável advogou que se há problemas de competências, elas devem ser discutidas porque tanto Vaz como Simões Pereira “foram eleitos pelo povo e não têm o direito de defraudar expectativas criadas com as eleições".

Quem também se pronunciou foi o antigo Presidente e primeiro-ministro de Cabo Verde Pedro Pires que se reuniu com José Mário Vaz e Domingos Simões Pereira em separado, a quem pediu fé e paciência.

"Há duas coisas que nós não podemos perder: A fé, não no sentido religioso, mas a fé confiança, a fé de que tudo isso irá correr bem, a fé de que podemos ultrapassar todas as dificuldades. Uma outra qualidade que não podemos deixar de ter é a paciência", disse Pedro Pires.

Como único membro vivo do Conselho Superior de Luta, que dirigiu a luta de libertação da Guiné-Bissau e Cabo Verde, Pires, que foi convidado para participar nas comemorações dos 56 anos do Massacre de Pindjiguiti, exortou "a nova geração que está no poder" na Guiné-Bissau a tudo fazer para que o país "vire a página, ultrapasse os conflitos" do passado.

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