Conhecidas personalidades angolanas, incluindo o antigo primeiro-ministro Marcolino Moco, apelaram á criação de “uma plataforma social e cívica” para elaborar soluções aos grandes problemas de Angola que “inibem o cabal exercício da cidadania”.
Entre outros assinantes do documento contam-se também o advogado Luís Nascimento e o rapper e activista Luaty Beirão.
Numa “carta à nação” os assinantes do documento afirmam que “ o grande inimigo do povo chama-se pobreza” que “é o principal constrangimento para a criação de um país para todos e maior inibidor da consolidação da coesão nacional”.
“Assistimos todos os diais ao incremento de práticas autoritárias, ao cerceamento progressivo de direitos civis e liberdades, intolerância política, deriva securitária, afunilamento do espaço público, ausência de diálogo e do contraditório associados á excessiva concentração de poderes numa governação elitista que ignora as mais elementares expectativas do podo, que se tornou distante e arrogante desprezando os cidadãos, sobretudo os que menos têm”, diz a carta.
Os assinantes afirmam ainda que “a elite dominante tornou-se insaciável, embriagada pelos anos de total impunidade onde a promiscuidade entre a coisa pública e o interesse privado passou a ser regra capaz de fazer nascer muitos milionários que, fruto de práticas predadoras, inviabilizaram o tecido produtivo pelo privilégio das importações colocando Angola numa dependência crónica do exterior e num lastimoso estado de subdesenvolvimento”.
“A profundidade das desigualdades sociais que não encontra nenhuma solução credível que se apresente como garantia para uma mudança estrutural é a grande prova de que é urgente reconstruir o Estado Social de Direito.”, acrescenta o documento.
Os assinantes dizem ter constituído uma comissão preparatória para a criação de uma plataforma social e cívica alargada e endereça um convite público para apelar à sua participação, com vista a criar um espaço de intervenção dos cidadãos que permita identificar todos os constrangimentos que inibem o cabal exercício da cidadania e reagir para os dirimir.