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A primeira vacina contra a poliomielite


Cinquenta anos atrás, o cientista americano Jonas Salk descobriu a primeira vacina contra a poliomielite, doença também chamada de paralisia infantil. Nos Estados Unidos, o evento foi comemorado de diversas maneiras.

Aqui em Washington, o Museu de História Natural organizou uma exposição que conta a história da epidemia no mundo, e exibe vários objectos relacionados ao tema, como por exemplo, os suspensórios que ajudavam o mais famoso doente de pólio – o presidente americano Franklin Roosevelt - a se equilibrar, ainda que precáriamente.

ANA- A Universidade de Pittsburgh, na Pensilvânia, estado onde Salk levou a cabo suas experiências cientificas, realizou uma cerimônia comemorativa.

O momento mais emocionante foi quando o filho do cientista, Peter Salk, apresentou tardios agradecimentos à equipa técnica que ajudou o seu pai a descobrir a vacina. Numa omissão muito criticada na época, Jonas Salk jamais agradeceu ao grupo de seus auxiliares.

O único sobrevivente da equipa, dr. Julius Youngner, esteve entre os 400 convidados da cerimônia em Pittsburgh, e manifestou contentamento com as palavras do filho do inventor da vacina, acrescentando, contudo, que teria sido melhor se os agradecimentos tivessem sido feitos por seu pai, na época oportuna.

RENATO - Até os anos 50, a poliomielite representava uma praga terrível. As epidemias eram anuais e provocavam medo e pânico. Era inevitável que quem conseguisse exorcizar esses medos, se tornaria um herói internacional e seria reconhecido como "o salvador das crianças". Salk foi o primeiro a obter resultados. Ele desenvolveu uma vacina obtida com vírus mortos. Outro cientista, Albert Sabin, vinha de uma escola antagônica de pesquisa de vacinas. Como Louis Pasteur, acreditava que o caminho para produzir imunidade permanente passava pela criação de uma leve infecção, mediante o uso de um vírus vivo, mas de virulência extremamente atenuada. Salk, por sua vez, sabia que o sistema imunológico pode ser estimulado sem infecção , apenas com um vírus inativado ou morto.

ANA- A vacina injetável de Salk foi tetada pela primeira vez em 1952, e dois anos depois , Salk e um colega iniciaram vacinação em massa na maior experiência médica realizada nos Estados Unidos. Foram, então, vacinadas mais de um milhão de crianças, entre 6 e 9 anos, parte com a vacina e parte com o placebo. O resultado foi excelente. A vacina de Albert Sabin, com vírus vivo atenuado e para administração por via oral, ficaria pronta em 1961. O vírus vivo daria uma imunidade superior e mais prolongada ; entretanto as duas vacinas são, cada uma ao seu modo, eficazes .

RENATO- Graças às vacinas Sabin e Salk, o mundo está quase livre da pólio. Mas a batalha não terminou. Há motivos para otimismo, porque o número de casos da doença é hoje relativamente pequeno, e existe uma vontade política e social sem precedentes para atingir o objetivo da eliminação da doença. Num simpósio de especialistas, realizado há dias em Pittsburgh, no quadro das comemorações da descoberta da vacina Salk, o dr. David Heyman, responsável na Organização Mundial de Saúde pelo setor das doenças infecciosas, afirmou : “Esta é a melhor oportunidade que já tivemos para livrar o mundo da pólio”.

RENATO- Angola obteve excelente resultado na luta contra a pólio. Desde o mês passado, viu-se, no entanto, às voltas com um novo problema, uma febre hemorrágica que já causou mais de 200 vítimas, e que atacou principalmente a província de Uige, mas não ficou restrita a ela. Os sintomas são febre, sensação de frio, dores no corpo e na cabeça. O agente causador é o vírus de Marburg, assim chamado porque se manifestou pela primeira vez na cidade alemã de mesmo nome, onde os empregados do laboratório farmacêutico Behring contraíram a doença em 1967 depois de terem sido infectados por macacos oriundos de Uganda.

ANA- A Organização Mundial de Saúde fez apelo a doadores internacionais para darem 3 milhões e meio de dólares a fim de ajudar Angola a lutar contra a febre hemorrágica. Portugal, Espanha, Canadá, República Democrática do Congo forneceram ajuda em equipamento ou pessoal especializado. A UNESCO contribuiu com dinheiro . A organização Médicos em Fronteiras enviou os seus especialistas para o Uige.

RENATO- Um dos obstáculos “a luta contra o vírus de Marburg , segundo reportagem da revista alemã ´Der Spiegel”, é que “nem todos os angolanos compreendem a importância das medidas preventivas”. As autoridades do pais parecem admitir esse fato, e divulgaram uma lista de precauções a serem tomadas. Os postos de isolamento improvisados pela organização francesa Médicos sem Fronteiras despertam desconfiança entre os angolanos .A coordenadora da ação desse grupo em Angola, Monica Castellarnau, declarou : “Queremos que o povo entenda que numa emergência de saúde pública como esta, é preciso, às vezes, tomar medidas impopulares”. Angola não está sozinha na luta contra o vírus de Marburg. Mas o problema não é apenas médico,é também de despertar a consciência dos habitantes para a necessidade de precauções.

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