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Água para a Vida - 2005-03-22


O dia 22 de Março assinala o Dia Mundial da Água e o início de uma década de acções desencadeadas sob o lema: ”Água para a Vida”.

Trata-se de um apelo às agências da ONU e a outras organizações para centrar os seus esforços tentando inverter a situação de milhares de milhões de pessoas que não têm acesso à água potável e a sistemas sanitários que proteja a sua saúde.

Os organizadores daquela iniciativa afirmam que a primeira década da água nos anos 80 levou mais água a mais de mil milhões de pessoas e melhores condições sanitárias a quase 770 milhões de indivíduos.

A Terra pode ser única no Universo devido á sua abundância de água, uma quantidade que corresponde a 70 por cento da sua superfície. Mas a esta imagem faz lembrar o lamento do velho marinheiro que dizia, ”água, água, água por todo o lado, mas nem uma gota para beber”. De facto, na sua vasta maioria, a água existente á superfície do planeta é salgada e não é própria para o consumo.

”É realmente notável que no planeta azul, um planeta com água tão abundante como é o nosso acabemos por concluir que de todos esses recursos da Terra apenas três por cento são de água doce”.

Erik Peterson, do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, em Washington, sublinha que aquela pequena quantidade de três por cento é uma ínfima fracção da percentagem disponível para o nosso consumo diário. A maior parte da água doce existente no mundo ou está congelada, retida no subsolo ou em pântanos, o que constitui menos que uma gota por cada litro de que necessitamos. Metade da água doce é usada na agricultura, na indústria e nas zonas urbanas.

Mas cerca de um sexto da Humanidade, mil milhões de pessoas, não tem acesso à água potável e dois mil milhões e meio não têm instalações sanitárias. As estatísticas da ONU mostram que cerca de metade de ta a população do mundo em desenvolvimento sofrem de doenças resultantes da falta de condições sanitárias, doenças como a cólera e a diarreia.

À medida em que a população cresce, afirma Erik Peterson, mais pessoas serão expostas a essas doenças.

”Estamos em crer que estes problemas, por muito assustadores que pareçam agora, irão tornar-se ainda assustadores no futuro. De acordo com as actuais estimativas da ONU, estamos convencidos de que, até ao ano 2025, perto de três mil milhões de pessoas em todo o mundo poderão enfrentar faltas de água, em alguns casos faltas de água que ponham em risco as suas vidas.”

Apesar da quantidade minúscula de água doce existente, os peritos afirmam haver água bastante para as necessidades dos humanos. O verdadeiro problema são as infra-estruturas para a fornecer em muitos países, tais como centrais de tratamento de esgotos e tubagem para canalização.

Resulta daí que nos países pobres se gastam demasiados recursos e tempo, que poderiam ser aplicados noutras tarefas produtivas, apenas para percorrer longas distâncias para ir buscar água a rios e a lagos.

Desenvolvimento e estabilidade são afectados quando nações e regiões inteiras competem para obter água, quando este recurso é escasso.

A Índia e o Paquistão, por exemplo, querem a mediação do Banco Mundial porque o governo indiano quer construir uma barragem que o Paquistão entende irá reduzir o caudal do rio que recebe proveniente do Caxemira. O Irão está a construir uma enorme barragem que poderá desviar água que partilha com o vizinho Iraque.

”Duzentas e sessenta baías hidrográficas através de todo o planeta são partilhadas por dois ou mais países. Treze são partilhadas por cinco ou mais países. A forma como estes países negociarem os seus recursos hídricos irá determinar se teremos estabilidade ou conflito e como iremos definir novos caminhos de cooperação no futuro.”

No ano 2000, os países membros da ONU estabeleceram o objectivo de reduzir a metade a percentagem de pessoas com falta de água doce e de sistemas sanitários até ao ano 2015.

Mas o Centro para os Estudos Estratégicos Internacionais afirma que aquele esforço não dispõe de financiamento suficiente e irá necessitar de entre 15 a 30 mil milhões de dólar extra adicionados aos 30 mil milhões já investidos por ano em desenvolvimento. Os peritos dizem que as necessidades de consumo de água devem ser reduzidas na medida em que a população aumenta.

A engenheira Susan Murcott, do Instituto de Tecnologia de Massachussetts, afirma que parte da resposta a esta exigência está nas tecnologias para aumentar a eficácia do uso da água. Susan favorece tecnologias simples e baratas para os países pobres, tais como sistemas para remover sal da água utilizando a energia solar e canalização para irrigação ligada a sensores de que determinam a humidade no solo para ligarem a água esporadicamente de acordo com as necessidades.

Susan Murcott criou um filtro feito de pedaços de tijolo vermelho, de pregos ferrugentos, de areia, sarrisca numa bacia para eliminar da água arsénico e outros contaminantes.

Por seu lado, a OMS está a colaborar com mais de 200 organizações governamentais e não governamentais, com empresas privadas e universidades, formando uma rede internacional para promover investigação que conduza à criação de um sistema de tratamento de água caseiro que seja seguro, barato e que possa ser acessível a todos que dele necessitem.

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