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Não existe cura para a pólio - 2004-07-16


RENATO- Não existe cura para a pólio. Mas existe um meio eficaz de impedir o seu aparecimento: a vacina anti-polio, inventada no século 20. A primeira vacina surgida na História, no século 18, foi contra a varíola . Mas, antes de contarmos essa história, que tal irmos ao conhecimento básico : o que é vacina? E como funciona ?

RICARDO- Bem, o corpo humano tem de se defender constantemente dos microorganismos causadores de doenças, entre eles, os vírus e as bactérias, tão pequenos que não podem ser percebidos a olho nu, e, às vezes, nem mesmo pelo microscópio. Por isso mesmo, são chamados de microorganismos (“micro” vem do grego antigo e quer dizer “pequeno”).

RENATO- Assim como um país dispõe das Forças Armadas para defendê-lo de agentes inimigos, o corpo humano conta com uma rede de proteção, o sistema dito imunológico. Tão logo o corpo é invadido por um vírus ou uma bactéria, o sistema lança os seus soldados (os anticorpos) para expulsar ou matar os intrusos. Frequentemente, essa reação natural e automática basta para preservar um organismo sadio. Mas a Medicina achou por bem criar uma situação artificial em que o corpo se protege por antecipação. É este o papel da vacina, que age como estimulante do sistema imunológico.

RICARDO- Em 1796, um humilde médico do interior da Inglaterra, Edward Jenner, resolveu testar uma noção popular em sua região, Gloustershire, de que as pessoas que trabalhavam no campo e adquiriam a varíola bovina quase nunca tinham a varíola humana, mais forte e perigosa. Assim, Jenner inoculou pus das feridas de uma mulher com varíola bovina em um menino de 8 anos. Mais tarde, o menino, ao ser inoculado pelo vírus da varíola humana, mostrou que tinha se tornado imune. Jenner , portanto, fez o primeiro uso cientifico do que passaria a ser conhecido como vacina, palavra que vem do latim e significa “referente à vaca” .

RENATO- No caso da pólio, o cientista que desenvolveu a primeira vacina foi Jonas Salk, nascido em Nova York de pais imigrantes judeus ortodoxos. A vacina que inventou foi testada em 1952 e utilizava um soro injetável contendo vírus mortos ou inativados da pólio. Os primeiros voluntários foram ele próprio, sua esposa e seus filhos. Poucos anos depois , a vacinação de um milhão de crianças, foi organizada nos Estados Unidos com excelentes resultados. A morte interrompeu , em 1995, os estudos que o dr. Jonas Salk vinha fazendo sobre o vírus da AIDS/SIDA.

RICARDO- Outro pioneiro nesse campo foi Albert Bruce Sabin, nascido em Bialistock, na Rússia (hoje, Polônia). No ano de 1952, quando a vacina Salk estava sendo testada, ele começou seus experimentos, partindo, no entanto, de uma direção oposta à do seu colega. Enquanto Salk usava o vírus morto, injetável, Sabin preferiu uma vacina de vírus enfraquecido, a ser administrada por via oral, e lançada no mercado em 1961-62. RENATO- Existem, pois, duas vacinas contra a pólio. Qual a melhor? Qual a que você deve escolher para os seus filhos?. As duas vacinas são, na verdade, ambas eficazes, cada uma ao seu modo. Cabe às autoridades de saúde pública de um pais tomar a decisão apropriada. Vamos ver quais as diferenças entre elas. RICARDO- A vacina do vírus inativado do doutor Salk (IPV) tem o grande mérito de ser absolutamente segura. E provoca uma boa resposta do sistema imunológico na maioria das pessoas. Estimula a formação de anticorpos no soro sanguíneo, e assim impede o vírus de atacar o sistema nervoso e causar paralisia. Mas não protege do mesmo modo os intestinos , onde o poliovirus dito “selvagem” (ou seja, aquele que está em circulação no meio ambiente) costuma atuar. Por sua vez, a vacina oral (OPV) do dr. Sabin utiliza o vírus vivo, mas atenuado . Sua vantagem é conceder imunidade não só corporal, como intestinal. Alem de ser mais barata, pode ser administrada por pessoal não treinado, e não requer equipamento especial que tenha de ser esterilizado. Há , porém, um aspecto negativo, que é o fato de ser capaz de provocar a paralisia contra a qual supostamente deve proteger. O risco, segundo os especialistas, é, na realidade, bem pequeno, 1 dose da vacina em cada 3 milhões . RENATO- Em conclusão, digamos o seguinte: como não existe cura da pólio, e a vacina é o único meio de prevenção, o caminho certo é vacinar as crianças, seja com a Sabin, seja com a Salk, ou mesmo adotando um sistema misto. A varíola matou 300 milhões de pessoas somente no século 20 e acabou sendo eliminada da face da Terra graças à vacina que lhe é própria. A pólio deverá ser a segunda doença infecciosa a ser erradicada, o que se espera vá acontecer no ano 2005. E isso também graças à vacina. Portanto, vacine seus filhos!

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