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A polio já era conhecida na Antiguidade - 2004-07-16


RENATO- Ao contrário da SIDA/AIDS, que surgiu como do nada nos anos 80, a poliomielite, ou pólio, já era conhecida na Antiguidade. A primeira referência a ela foi feita no Egito, há 3 mil anos, sob a forma de uma inscrição numa pedra. Apesar de sua longa presença na história, a ocorrência de epidemias parece ter se agravado somente há uns dois séculos.

RICARDO- Paradoxalmente, o progresso nos sistemas de saneamento e esgotos contribuiu para que os casos de pólio se manifestassem com maior gravidade, dê sua denominação de “doença do desenvolvimento”. O fato é que quando o individuo, superprotegido, é exposto ao vírus somente na fase adulta, os sintomas surgem com mais força, às vezes assumindo os tipos paralisantes, que é o mais dramático. Naturalmente, esse efeito paradoxal do progresso não invalida os outros benefícios da melhoria do saneamento e da qualidade de vida. No modo geral, um bom saneamento e uma qualidade de vida superior aumentam a possibilidade de superar a pólio.

RENATO - Hoje, essa doença é associada às nações menos desenvolvidas da Ásia e da África, mas até a vacina ser descoberta, um pais adiantado como os Estados Unidos viveu momentos de ansiedade provocado pelo medo das epidemias do poliovirus. Na época da Grande Depressão, a poliomielite paralisante era a enfermidade mais temida. RICARDO- A pólio atacava inesperadamente, deixava as vitimas inválidas para toda a vida, não havia cura. Locomovendo-se com muletas ou cadeiras de rodas, ou imobilizados em pulmões de aço, legiões de pacientes se acumulavam ano após ano. Não se conhecia bem o mecanismo da transmissão do vírus, e portanto áreas inteiras eram sujeitas a regimes de quarentena, de isolamento, quando a doença atacava.

RENATO- Somente o medo da SIDA/AIDS pode rivalizar com os sentimentos do povo em relação à pólio na primeira metade do século passado, sobretudo nos paises industrializados. A descoberta da vacina antipólio reverteu àquela situação. O último caso de pólio nos Estados Unidos causado por um vírus em circulação livre ocorreu em 1979. De lá para cá, registraram-se esporadicamente casos provocados pela própria vacina, o que não deve, contudo, diminuir a confiança nesse meio excepcional de prevenção da pólio. As autoridades de saúde pública americana continuam vigilantes , e os esforços de vacinação prosseguem, porque em virtude da chamada importação do vírus, as crianças só poderão ser consideradas seguras quando o último caso da doença for registrado no planeta. RICARDO- Aquela impressão inicial, anos atrás, de que a pólio era uma tragédia irreversível já não existe com a mesma convicção. Sabe-se que o doente pode, de fato, em muitos casos, se recuperar, e levar uma existência produtiva. O Presidente Franklin Delano Roosevelt, que pegou a pólio já adulto, governou os Estados Unidos de uma cadeira de rodas, numa fase cheia de problemas, como crise do desemprego e Guerra Mundial. E foi reconhecidamente um grande líder. Como se sabe, não recuperou a aptidão física. Mas a atriz Mia Farrow, que teve pólio quando menina, escapou das seqüelas incapacitantes para se tornar uma atriz famosa e uma mulher atraente. O caso da atleta Wilma Randolph é impressionante. Teve pólio na infância, mas venceu, e chegou a ser campeã olímpica de corrida.

RENATO- O melhor é se prevenir, tomando a vacina. Mas a recuperação, ainda que não seja fácil, é possível. Existe, porém, um problema, que deixou os médicos perplexos durante muito tempo. Com efeito, 30 ou 40 anos depois de uma pessoa ter pólio, os sintomas podem reaparecer. Hoje se conhece esse fenômeno como “síndrome pós-pólio”, ou SPP. Seu sintoma mais frequente é a fadiga, que ocorre em cerca de 90 por cento dos pacientes. A fraqueza associada à SSP costuma afetar os músculos que foram danificados no primeiro ataque da pólio.

RICARDO- Outros sintomas menos frequentes são: insuficiência respiratória, distúrbios na fala, dificuldades ao engolir, cãibras e intolerância ao frio. A mobilidade é prejudicada, principalmente ao subir escadas. Os pacientes podem necessitar de ajudas para a locomoção, como bengalas, aparelhos ortopédicos e cadeiras de rodas. Por outro lado, ajustamentos no estilo de vida são recomendáveis.

RENATO- O diagnóstico da SPP é difícil de ser feito porque seus sintomas podem ser confundidos com os de outras doenças, tais como osteoartrite, fibromialgia, artrite reumatoide ou problemas neurológicos. Mesmo depois de feito o diagnóstico, não existe cura. O paciente precisa fazer certos exercícios (fisioterapia), mudar o estilo de vida para poupar energia, perder peso, ter aconselhamento psicológico e recorrer a auxiliares de marcha. Como dissemos, nunca se deve perder a esperança. Mas o melhor mesmo é prevenir a doença, e nisso a importância da vacinação é primordial. Dedicaremos a esse tópico o próximo programa. Até lá.

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